As turmas escolares brasileiras possuem mais alunos do que deveriam. A quantidade de estudantes sob a responsabilidade de cada professor vem diminuindo, como recomendam especialistas, mas ainda é maior do que a ideal. Pedagogos ressaltam, no entanto, que diminuir o número de alunos por professor não é suficiente para garantir a aprendizagem de todos: é preciso mudar o compromisso com a educação.
Em cada classe do País, o número médio de estudantes sob a responsabilidade de cada professor é de 25 alunos nas séries iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º anos) e de 30 nas séries finais (6º ao 9º anos). Os dados fazem parte do estudo Education at a Glance (EAG) 2010, divulgado esta semana pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ele analisa outros fatores, como investimentos em educação e escolaridade da população. Os dados financeiros e educacionais são de 2007 e 2008, respectivamente.
A pesquisa reúne informações dos 31 países da OCDE Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, República Eslovaca, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos , e de mais oito países convidados: Brasil, Federação Russa, Estônia, Eslovênia, Israel, China, Índia e Indonésia.
O tamanho das turmas brasileiras, segundo o estudo, é superior às de todos os países da OCDE. Neles, a média é de 21 alunos por classe nas séries iniciais e de 24 nas finais. Mas há variações entre os países. Na Coréia e no Chile, por exemplo, as turmas têm 30 alunos ou mais nas séries iniciais. Já países como Áustria, Finlândia, Portugal e México possuem 20 estudantes ou menos.
Na pré-escola, o cenário se repete. Cada professor precisa ensinar cerca de 19 alunos. Nos países da OCDE, a relação cai para 16.
Queda
De acordo com o estudo, o número médio de alunos por turma está diminuindo. Entre 2000 e 2008, nas séries iniciais do ensino fundamental, a redução foi de 1 aluno por classe e, nas finais, de 4 alunos por sala. Apesar dos números da OCDE, César Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), acredita, no entanto, que a realidade das salas de aula brasileiras ainda não é homogênea.
Ele afirma que há turmas muito numerosas ainda, chegando a mais de 30 alunos nas séries iniciais. Callegari acredita, no entanto, que a queda taxa de natalidade da população brasileira e as correções de fluxo têm contribuído para reduzir o tamanho das classes.
A relação professor/aluno tem pautado muitos estudos. Sempre com propostas de reduzir a quantidade de alunos por sala e por professor. Há docentes que dão aulas para 600 alunos por semana nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio. Eles vão passar o ano sem conhecer os nomes dos alunos. O número menor de estudantes por sala aumenta as chances de um bom ensino e uma boa aprendizagem, diz. Callegari ressalta que, com turmas numerosas, a atenção dada pelos professores a cada estudante é muito menor.
Para Maria de Fátima Guerra, professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), mais do que reduzir as turmas o que considera importante para melhorar qualidade das aulas é preciso mudar o foco do ensino. O ensino precisa ser individualizado e atender as necessidades específicas de cada um, afirma.
Precisamos de menos alunos por turma, mas isso por si só não resolve as dificuldades de aprendizagem dos alunos. Se o professor não trabalha a individualização do ensino, não garante aprendizagem. Não importa se uma turma tem mais alunos, se ela tiver um excelente professor, pondera a professora.
Maria de Fátima lembra que uma solução para as classes numerosas é trabalhar com grupos em sala de aula. É possível estimular a dinâmica de redes de aprendizagem, em quer todos participam dentro do grupo, diz. É a cultura da aprendizagem que a gente precisa trabalhar, afirma.
Postado por: Thatiane de Souza
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