Universidade tem de ser espaço para pensar e aprender

Universidade tem de ser espaço para pensar e aprender

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:22

Poder dizer o que se pensa é uma das coisas importantes de uma democracia. O indivíduo é livre para ser a favor ou contra algo. Tomar uma posição. Manifestar-se de várias maneiras. E provocar mudanças. Porém, as coisas não são simples. A manifestação de alguns se baseia na exigência de que as coisas sejam ao seu modo. O que é diferente não é aceito. Em verdade, impõem seu jeito pouco se importando com os outros.

Ora, e quem são os outros? Aqueles que não têm a capacidade de compreender o que é o certo? E o certo, é claro, é só o que pensam. Sendo que só eles pensam assim.

Radicais? Sim. Não se dá passo algum com atitudes desse tipo. Elas são cegas e só tendem a fazer as coisas retrocederem. Não dever haver espaço para o radicalismo em nenhum lugar, ainda mais dentro de uma universidade.

Lá é um lugar para se pensar e provocar mudanças. Onde a visão do indivíduo se expanda sobre si e o outro. Onde os questionamentos favoreçam a construção de um mundo melhor. Nem que seja só um pedacinho dele. Infelizmente, não é isso o que se vê numa das principais universidades do país – a Universidade de São Paulo (USP), em seu campus da capital.

Semana passada, ocorreu um protesto em que alguns alunos se manifestaram agressivamente contra a presença da PM e, no embalo, contra o reitor. Agrediram policiais, destruíram viaturas e tomaram o prédio da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Algo que foi deflagrado, segundo consta, pela prisão de alguns estudantes da FFLCH por porte ilegal de droga – estavam fumando maconha no estacionamento da unidade. Provavelmente, sentiram-se ofendidos e viram esse ato como repressão. Evocaram, em suas memórias, o tempo de linha dura dentro da universidade. Que já passou.

No território brasileiro é ilícito o uso e porte de maconha. A USP é um lugar dentro do país e não uma entidade a parte – terra de ninguém. A PM teve conduta adequada. O argumento é de que a PM não é necessária lá. Embora haja muitos crimes dentro do campus – roubos, estupros e mortes – consideram que basta melhorar a iluminação ou dialogar com as comunidades do entorno.

Isso é importante, sem dúvida. Para quem já frequentou ou frequenta a USP à noite, sabe quão escura ela é, desencorajando que se ande por lá. Mas não se pode ser ingênuo a ponto de achar que essas medidas resolverão problemas de segurança. É uma visão utópica.

Polícia e USP firmaram convênio após a morte de um estudante durante um roubo. Segundo consta, a presença dela resultou em uma queda de 60% dos roubos e furtos. Por incrível que pareça, a decisão pelo convênio foi algo que envolveu seu Conselho Gestor, professores e alunos de várias unidades. O único contra foi o representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Esse é o lado não tão bom da democracia – aceitar o que a maioria decide. É o preço que se paga. O que se sabe, através das manifestações pela internet, é que a maioria dos estudantes é a favor da PM. Inclusive, fizeram uma manifestação esta semana a favor dela. Muitos dos que estão se manifestando contra, devem estar lá apenas pelo calor das emoções. Provavelmente, não têm bem claro o porquê disso tudo.

É tempo de acordar e não imaginar a vida fora de qualquer parâmetro possível. E nem que se pode fazer qualquer coisa só por estar dentro de uma universidade.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)        

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