Vale mesmo a pena fazer cursos de dupla graduação?

Vale mesmo a pena fazer cursos de dupla graduação?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:31

Não raro alunos de cursos convencionais de graduação saem da faculdade com a sensação de que sua formação ainda não está completa. Observam que há lacunas que, preenchidas, poderiam lhes render melhores oportunidades. Por isso, buscam outra graduação numa área correlata, com a esperança de que serão mais bem vistos pelo mercado, o que inclui melhores remunerações. Esse quadro recorrente não passou despercebido pelas universidades. Algumas delas lançaram as chamadas duplas graduações para diminuir o tempo necessário à complementação dos conhecimentos.

Uma das universidades que decidiu aderir a esse tipo de curso foi a FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo). A universidade oferece aos alunos a possibilidade de obter diplomas nos cursos de Administração e Direito ou Economia e Direito em menos tempo do que levariam para concluir os cursos separadamente. "Implantamos a dupla graduação porque percebemos que muitos alunos complementavam alguns cursos com uma segunda graduação. Desenvolvemos um programa em que o aluno não precisa gastar nove anos em dois cursos, dessa forma eles podem economizar entre um ano e meio a dois", explica André Samartini, o vice-coordenador de graduação da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas).

Já outras instituições passaram a oferecer a dupla graduação como forma de dar ao aluno mais opções de atuação no mercado de trabalho. "Pensamos na estrutura curricular dos Ensinos Fundamental e Médio. No caso do Imapes (Instituto Manchester Paulista de Ensino Superior), oferecemos as licenciaturas de Física e Química em conjunto. Com isso, habilitamos os alunos para as duas disciplinas, o que os possibilita obter melhor remuneração", conta a coordenadora da universidade Imapes, Maura Maria Bolfer.

No esquema oferecido pelo Imapes, os alunos têm disciplinas de ambas as opções num único semestre. "Como as graduações são de áreas relacionadas, estruturamos o curso em eixos de conhecimento que envolvem fundamentos e tecnologias abrangentes aos dois cursos. Usamos também uma linha de ciências básicas e outra de cada área do conhecimento", afirma Maura.

Em outras instituições, como na FGV, o aluno cursa as disciplinas de cada uma das graduações separadamente. "O estudante pode escolher a velocidade com que quer fazer os cursos. Em geral, costumam usar cinco anos para cursar Direito e outros dois anos ou dois anos e meio para a Administração. Se iniciam com o curso de Administração, gastam em média quatro anos para concluir essa primeira graduação e outros três para o Direito", exemplifica Samartini.

Porque escolher a dupla graduação

Fazer dois cursos ao mesmo tempo foi a escolha de Andréia Oliveira de Souza, que cursa a dupla graduação na universidade Uirapuru Superior. "A dupla graduação me atraiu porque unia Geografia a História, que também gosto. Alguns professores têm apenas uma das graduações e, quando tratam de matérias em comum nas diferentes áreas, vejo como adotam posturas diferentes. Assim consigo ter uma visão mais ampla das disciplinas e acontecimentos", conta Andréia. 

Além da interpretação dos fatos com a amplitude proporcionada pelo conhecimento adquirido nas duas graduações, Andréia acredita que os dois diplomas lhes darão melhores chances no mercado de trabalho. "Faço os dois cursos em menos tempo e, quando me formar, como quero seguir a carreira de professora, poderei dar aula para qualquer uma das disciplinas", aposta a estudante.

A formação em tempo reduzido é possível porque as faculdades combinam cursos com matérias comuns às duas disciplinas. "O aluno se forma em quatro anos, pois além de assistir as aulas que precisam de maior auxílio do professor na modalidade presencial, ainda complementam os estudos com a EAD (educação a distância)", assegura Maura.

Entretanto, obter dois diplomas num período menor de tempo não garante que o profissional aumente suas possibilidades no mercado de trabalho. "O profissional que tem dois diplomas não é mais competitivo do que os formados em cursos tradicionais. A graduação se tornou um pré-requisito nas empresas e hoje os gestores contam pontos a mais para quem tem pós-graduação ou MBA", garante a consultora de carreiras da Career Center, Shirley Chuster. Dessa forma, a consultora aconselha os profissionais a priorizar a pós-graduação. "A dupla graduação não é um diferencial. É mais interessante investir o tempo na pós-graduação, que possibilita obter conhecimentos numa área relacionada num período que pode ser até menor. A pós também permite ao profissional a chance de mudar o rumo de seu trabalho", diz Shirley.

A pós-graduação ou o MBA são considerados diferenciais para os gestores de empresa porque quem procura o curso tem mais maturidade. Além disso, não tem, de fato, aulas. "O professor desse tipo de curso não dá aulas, dá um caminho para o aluno. As discussões são entre os participantes que contam sobre experiências sobre o tema discutido. Isso amplia a visão dos alunos, que começam a entender que o mundo não gira apenas na área em que trabalham. Também dá a possibilidade de aprender a aplicar novas técnicas a problemas que a empresa em que trabalha pode ter ", comenta Shirley.

No entanto, há ressalvas. Shirley acredita que, em casos específicos, vale a pena investir em cursos de dupla graduação. "Se, por exemplo, o profissional pretende ser advogado numa área que exija conhecimentos de administração, é interessante fazer uma dupla gradação que una os conhecimentos das duas áreas. Mas se ele quiser mudar de área depois, um dos diplomas pode perder a validade", alerta a consultora.

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