Em entrevista, Dilma disse que tirou Paulo Roberto por falta de afinidade

Candidata do PT criticou sua principal adversária, Marina Silva, e disse que denúncias sobre Petrobras não afetam a ela nem a pessoas de confiança

Fonte: O GLOBO Atualizado: sexta-feira, 12 de setembro de 2014 às 15:33
Dilma participa de sabatina O GLOBO
Dilma participa de sabatina O GLOBO

A presidente Dilma Rousseff (PT), que fechou nesta sexta-feira a série de sabatinas do GLOBO com os presidenciáveis, criticou sua principal adversária, Marina Silva (PSB), e se defendeu das denúncias de desvio de recursos da Petrobras. Ao faalr sobre as alianças partidárias costuradas em seu governo, afirmou que "em todos os partidos tem gente corrupta e gente que não é corrupta". E defendeu que a democracia "não pode prescindir de partidos":

- Eu não acho que a democracia possa prescindir de partidos. Toda vez que isso aconteceu, nós caímos na mais negra ditadura. Ou tem alguém muito poderoso por trás disso - declarou. - Em todos os partidos, tem gente corrupta e gente que não é corrupta. Tem partidos que tem compromissos históricos. O meu partido, o PT, tem uma história de luta, de militâncias. O PMDB é um partido que lutou pela redemocratização. Eu sou da época em que ia-se para a cadeia.

Em referência à candidata do PSB, Dilma disse que quem "chega no governo e acha que não tem que negociar, está no mau caminho".

- No governo, você tem que fazer suas coisas: uma coisa é propor e a outra é negociar. Se você acha que chega no governo e não tem que negociar, você tá no mau caminho. Para ser presidente, tem que ter coluna vertebral. Errar, você erra 24 horas por dia - disse Dilma, quando perguntada sobre arrependimentos em seu mandato, em que apontou a falta de especialistas na área da Saúde e ausência de uma reforma no Ensino Médio.

PETROBRAS

Durante a sabatina, a candidata comentou as denúncias de corrupção na Petrobras e disse que pediu a descontinuidade do ex-diretor Paulo Roberto Costa, investigado por operar um esquema de desvio de recursos da estatal, porque "não tinha afinidade com ele".

- Há corrupção em todas as empresas públicas ou privadas. A Petrobras tem órgãos internos e externos de controle. Mas quem descobriu foi a Polícia Federal. Se eu tivesse sabido qualquer coisa sobre o Paulo Roberto, ele seria demitido e investigado. Eu tirei o Paulo Roberto com 1 ano e 4 meses de governo. Eu não sabia o que ele estava fazendo. Eu tirei, porque não tinha afinidade nenhuma com ele.

Sobre as investigações, a candidata afirmou que não afetará nem ela nem pessoas de sua confiança. Questionada pelos adversários pelo fato de não saber do esquema quando estava na estatal, afirmou que o que aconteceu na Petrobras "não é fácil de achar".

- Isso não afeta nem a mim nem pessoas que têm a minha consideração. Tudo o que imergeir dessa investigação, eu tenho certeza que isso será algo que transformará o Brasil em um país que pune e que investiga. A corrupção tem um compadre, um amigo um protetor, a impunidade. Essa história que aumentou a corrupção é que quando você não investiga, não aparece - disse Dilma - Isso que aconjteceu na Petrobras, não é facil de achar, não é fácil de investigar. Ees estão investigando há mais de um ano.

Dilma foi questionada sobre um parecer técnico, publicado pelo GLOBO, que a Petrobras, emitiu, dizendo que se a obra da refinaria Abreu e Lima fosse superior a R$10 milhões não deveria ser construída. A presidenciável alegou que a diretoria da Petrobras tem independência sobre o parecer e optou pela refinaria.

- A diretoria na Petrobras tem autonomia para o dia a dia dela. São eles que decidem o que tem que continuar ou não. Na época, achamos que precisava fazer - argumentou - Eu não tenho condição de avaliar tecnicamente. Não sei de cabeça quais foram as justificativas da empresa para continuar a fazer a refinaria. O Brasil tem que ter refinaria porque temos que ser exportadores de petróleo. Se eu produzo petróleo bruto e não refino eu condeno o Brasil a virar uma commoditie.

ATAQUES A ADVERSÁRIOS

Dilma explicou a intensa onda de ataques à candidata Marina Silva, justificando que todas as suas críticas são baseadas em programas de governo ou programas partidários em rádio ou TV, é "sobre o que eles [Marina e Aécio] falaram.

- Tudo sobre Aécio e Marina nós discutimos sobre o que fizeram ou o que falaram. É muito perigosa a vitimização. Não estamos atacando pessoalmente, até porque a Marina é bem intencionada. Eu disse que ela estava sendo financiada por banqueiros, eu disse fatos. Disse o que você estão divulgando. Inverdades, eu não tenho nada a ver com isso.

A petista explicou as contribuições que sua campanha recebeu de bancos - maior que as de Marina. A candidata do PT havia criticado a adversária, dizendo que ela recebeu doações pessoais de banqueiros.

- Eu recebi para a minha campanha. Minha campanha é uma campanha institucional. Ninguém nunca se aproximou de mim para dizer "agora eu quero que você faça isso". A marina disse que eu tinha pago uma bolsa banqueiro. Eu disse: eu não só não paguei bolsa banqueiro como também não recebi.

POLÍTICA

Ao falar de reforma política, a presidente defendeu uma consulta popular. Após as manifestações em junho do ano passado, ela tentou aprovar um plebiscito para a realização da reforma política.

- Não estamos conformados com essa diferença que existe enter o Brasil e seu sistema político. Incluímos milhoes de pessoas, o país mudou, mas de ponto de vista do seu sistema político, ele ficou atrasado. Eu acredito que nós não passaremos uma reforma política como aquela mandando simplesmente um projeto para o Congresso. Eu acredito que o único jeito de ter sustentação é fazer uma consulta popular. Só a consulta popular dá legitimidade e força para aquilo que a população resolver. Mandar para o Congresso e dizer que são os bons que vão fazer é muita ingenuidade.

RELIGIÃO

Dilma falou sobre sua opção religiosa. Ela disse que "o Estado é laico, o Estado não tem religião e não deve ter", mas afirmou que segue a religião católica desde que estudou em um colégio de freira, em Minas.

- Fui aluna de um colégio de freiras e comecei a fazer política com o Grupo Gente Nova. Depois, em Porto Alegre, eu tive uma relação mais ou menos desse tipo com um grupo religioso. Eu sou uma pessoa que acredita nos princípios da religião católica. Eu acredito em todos que creem, porque a religião tem uma base ética entre as pessoas. Isso, para mim é um valor. Eu acho que tem um sentido também humano fundamental - afirmou - O Estado é laico, o Estado não tem religião, não deve ter. E é inconstitucional transformar qualquer religião em religião do estado.

A candidata aproveitou para elogiar o Papa Francisco.

- Eu considero que o Papa Francisco vai dar uma contribuição a muitas coisas no mundo. Ele prega e faz isso. Ele é um dos fatores de maior valorização na Igreja atólica nos últimos 100 anos. respeito muçulmano, respeito evangélico, respeito todas as religiões, mas tenho imensa admiração pelo Papa Francisco.

ECONOMIA

Na área da economia, Dilma respondeu a uma pergunta sobre a provável saída do Ministo da Fazenda, Guido Mantega, caso ela seja reeleita.

- Eu tenho grande respeito pelo trabalho do Guido Mantega. Ele está passando por uma fase difícil da vida pessoal dele. Me comunicou em função disso que não pretende seguir no próximo mandato.

Perguntada sobre a falta de crescimento e a estagnação econômica, a candidata do PT usou o argumento de que a crise internacional abalou a criação de empregos no mundo o que, argumentou, não aconteceu no Brasil.

- Nós tivemos uma política nesse momento defensiva. Uma política defensiva é de proteção do país. Nós tivemos uma política defensiva. Política defensiva para enfrentar a crise. Política defensiva em que você constroi o alicerce da retomada - explicou Dilma - É impossivel enfrentar a crise fazendo esse modelito. Paro de investir e não tem futuro. Não desempregamos, nós não cortamos salários - disse.

Dilma afirmou que relatório da OCDE apontou uma tendência de que haveria uma crise de empregos "que tem comprometido a demanda desses países".

- É muito difícil falar qual é o número que é a tendência. Eu acredito que o segundo semestre será muiro melhor que o primeiro semestre. Essas comparações pontuais são grandes armadilhas. O que está acontecendo no mundo todo e é reconhecido é que houve uma queda oferta. No caso dos EUA atribuíram a um inverno muito tenso. No segundo trimestre, houve queda de vários países. Pela primeira vez, na Alemanha, houve uma grande queda. Não é uma questão de produtividade , porque se tem indústria tecnológica é a Alemanha - afirmou - o G20 tem 100 milhõe de desempregados. Nós estamos enfrentando uma crise que não é só nossa. É uma crise que começa no centro do mundo.

Dilma se defendeu, afirmando que não reduziu salários e investiu em infraestrutura.

- Alguns reagiram cortando drasticamente os salários. Nós não fizemos assim. Nós reagimos garantindo aumento salarial. Nós reagimos garantindo investimento na infraestrutura do país.

SEGURANÇA

Sobre o tema da Segurança, a candidata afirmou que situação do Brasil piorou. E criticou a fragmentação da atuação na área, que cabe aos estados.

- Eu acho que de fato a situação no Brasil em relação à Segurança piorou. O crime organizado age de forma coordenada em todo o território nacional . E os estados agem de forma fragmentada. A União tem que também se tornar responsável pela segurança pública, que hoje é atribuição dos estados. Sempre houve um lavar as mãos.

A candidata elogiou o sistema de segurança adotado durante a Copa do Mundo, em que as forças de segurança atuaram de forma integrada.

- Na Copa, não podiíamos deixaum uma quebra na segurança pública. então o que fizemos? centros de comando e controle. Nesses centros, conseguimos um grau de integração extremamente elevado. por isso que stamos querendo mudar a constituição e fazer centros de comando e controle em 27 estados. e tratar as fron teiras dos estados como fronteiras reais.

não é uma questão de governo, é uma questão de estado. eu acredito que nós conseguiremos dar um santo na segurança pública

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