Concurso oferece 30 vagas a candidatos com graduação em qualquer área

Concurso oferece 30 vagas a candidatos com graduação em qualquer área

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:06
instituto rio branco
O Instituto Rio Branco (IRBr), ligado ao Ministério das Relações Exteriores, abre nesta terça-feira (25) as inscrições do concurso para 30 vagas de diplomata. O salário é de R$ 13.623,19. No site do Cespe/UnB, é possível ver o edital e fazer a inscrição, que vai até o dia 9 de julho (acesse o edital).
 
O IRBr foi fundado em 1946 e é responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas brasileiros, que trabalharão no Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. Desde aquele ano, é realizada seleção para o cargo. O Cespe/UnB tem sido a organizadora do concurso nos últimos anos.
 
O concurso é bastante disputado devido ao alto salário pago, pelo status do cargo e pelo fato de o aprovado ter a possibilidade de morar em vários países, além de aceitar candidatos com nível superior em qualquer área. No entanto, desde 2011, o número de vagas oferecidas diminuiu consideravelmente, o que acabou aumentando a concorrência. Nos últimos dois anos, a disputa passou de 300 candidatos por vaga. 
 
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, na turma de 2012, as graduações que mais tiveram candidatos aprovados foram as seguintes: direito (11 aprovados), relações internacionais (10), comunicação social (3), jornalismo (2), engenharia elétrica (2), letras (1), engenharia de redes de comunicação (1) e marketing (1).
Ainda segundo a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty tem o costume de chamar somente o número de aprovados dentro do número de vagas oferecido pelo edital.
Cotas
Do total de vagas, 2 são reservadas para pessoas com deficiência e 3 são reservadas, até a primeira etapa, para candidatos afrodescendentes.
 
A reserva de vagas e a concessão de bolsas para candidatos afrodescendentes tem o objetivo de aumentar a diversidade na carreira diplomática. 
A política de cotas que reserva 10% das vagas para afrodescendentes existe desde 2011. Mas, é necessário obter a pontuação mínima especificada em edital e classificar-se dentro da listagem de afrodescendentes na primeira fase do concurso, que é a prova objetiva. No caso deste concurso que oferece 30 vagas, são reservadas 3 vagas a mais para os candidatos afrodescentes na primeira fase. E dentro dessa cota podem concorrer tanto quem tem a Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia do Instituto Rio Branco como quem não tem.
 
Assim, são aprovados para a segunda fase 10% a mais de candidatos em grupo integrado por afrodescendentes e bolsistas negros. A partir da segunda fase do concurso, o candidato afrodescendente passa a concorrer na lista geral de candidatos. Para comprovar a afrodescendência é preciso apenas fazer autodeclaração, entregue no momento da inscrição.
O Ministério das Relações Exteriores informou que nenhum candidato que tenha entrado na cota dos 10% dos afrodescendentes foi aprovado até o momento no concurso. Já entre os bolsistas foram 19 aprovados.
 
Bolsa para afrodescendentes
Uma parceria entre o Instituto Rio Branco e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) implantou a Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia, em 2002.
O benefício é voltado para candidatos negros, que tenham concluído ou estejam no último ano do curso superior. Os selecionados recebem uma bolsa de estudos no valor de R$ 25 mil, pago em parcelas de março a dezembro, que deverão ser investidos na compra de material didático e pagamento de cursos preparatórios para o concurso de admissão à carreira de diplomata, realizado anualmente.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia já concedeu 451 bolsas para 268 bolsistas - o número de bolsas não corresponde ao número de beneficiários, pois elas podem ser recebidas duas ou mais vezes pelo mesmo candidato (veja na tabela ao lado).
 
Do total de 268 bolsistas, 19 foram aprovados na seleção, o que corresponde a 7,08%, que para o Ministério das Relações Exteriores é um índice bastante elevado de aproveitamento. É que o número de aprovados no concurso tem oscilado entre menos de 0,5 % e cerca de 1,6% do número total dos candidatos. A aprovação de mais de 7% dos bolsistas chega a ser, portanto, mais de 14 vezes superior ao índice de aprovação do conjunto dos candidatos.
O candidato deve comprovar que gastou o dinheiro com a preparação para o concurso por meio de faturas. As bolsas devem ser utilizadas na compra de livros e material de estudo, pagamento de cursos preparatórios e professores particulares, entre outros. Admite-se gastos com custeio em até 30% do valor da bolsa.
O candidato bolsista, caso não passe no concurso, pode voltar a concorrer para outra bolsa em outro ano. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o programa elevou o número de candidatos negros aprovados para o Itamaraty. Segundo o MRE, os bolsistas que passaram no concurso seriam aprovados mesmo sem cota, pois as notas que obtiveram garantiram a aprovação para a fase seguinte fora da cota para afrodescendentes.
 
Dicas de estudo
O concurso terá quatro fases: prova objetiva, constituída de 65 questões de língua portuguesa, história do Brasil, história mundial, geografia, política internacional, língua inglesa, noções de economia e de noções de direito e direito internacional público; prova escrita de língua portuguesa; provas escritas de história do brasil, geografia, política internacional, língua inglesa, noções de economia e noções de direito e direito internacional público; provas escritas de língua espanhola e língua francesa.
 
Os aprovados ingressam no cargo da classe inicial da carreira de diplomata (terceiro secretário) e deverão se matricular no Curso de Formação, a ser realizado em Brasília.
 
De acordo com Tanguy Baghdadi, professor do curso preparatório Clio, entre a realização da primeira e da quarta fase, se passam, normalmente, cerca de três meses. Entre a última prova e o resultado final, passam-se, normalmente, cerca de 50 dias. Para ele, a segunda e a terceira fases são bastante difíceis. “Apesar de a segunda fase cobrar apenas questões discursivas de português e literatura, são temas bastante específicos e se trata de uma prova eliminatória. E a terceira fase é a mais extensa e diversificada. São seis dias de provas discursivas, sobre história, geografia, política internacional, inglês, direito e economia. É uma fase que exige uma gama de conhecimentos ampla, e boas redações dos alunos, que devem responder quatro questões de cada uma dessas disciplinas”, explica.
Segundo ele, há candidatos que passam com meses de estudos e há outros que levam anos até obter a aprovação. “De uma forma geral, percebemos uma média de 1,5 a 2 anos de preparação antes da aprovação, mas isso está longe de ser uma regra”, comenta.
 
O professor diz que a quantidade de matérias cobradas no concurso é bem grande, o que faz com que seja difícil estudar um tema de cada vez. “De uma forma geral, os temas são bastante interligados, o que possibilita o estudo de diferentes matérias ao mesmo tempo. Entretanto, há algumas matérias para as quais se deve dar uma atenção maior, como português e inglês, devido à forte cobrança da banca nas diferentes fases”, diz.
 
Segundo ele, paralelamente, disciplinas como política internacional, que são fortemente pautadas em atualidades e história, que é a base para grande parte das disciplinas, também são fundamentais desde o início da preparação. “Dessa forma, uma boa organização do tempo e disciplina nos estudos é fundamental para que as disciplinas sejam todas cobertas.”
O professor diz que fazer as provas antigas e exercícios simulados é um bom caminho, bem como criar o hábito de redigir textos nos moldes das fases discursivas, com auxílio de professores especializados. “Muitas vezes, aperfeiçoar a estrutura do texto e a qualidade da escrita é um dos passos mais importantes para a aprovação.”
De acordo com Baghdadi, o candidato tem que saber que o tempo de preparação antes da aprovação é imprevisível. “Há candidatos que passam na primeira tentativa e há outros que demoram mais. A vantagem é que o concurso para o Instituto Rio Branco acontece todo ano, o que ajuda na preparação de médio prazo.” 
Por isso, ele diz que disciplina e capacidade de organizar os estudos são características essenciais para os candidatos, que devem traçar metas de estudos e leituras e serem capaz de cumpri-las. “E curiosidade também é um elemento essencial, já que as matérias são profundamente interconectadas. Aprofundar os temas estudados, cruzar informações e conhecer bem a prova ajuda a cobrir uma parte maior do programa do concurso, de forma mais eficaz.”
Em relação à bibliografia, ele diz que há ótimos livros que podem complementar a bibliografia recomendada pela banca. E como a bibliografia é muito extensa, é necessário selecionar e hierarquizar os livros, para dar preferência àqueles mais importantes.
 
Para se manter atualizado, segundo o professor, o candidato nunca pode perder de vista a análise do posicionamento brasileiro em meio ao cenário internacional. “Essa é a tônica das provas de política internacional, já que a política externa é a matéria prima do trabalho do diplomata”, afirma.
 
Em relação às provas de línguas estrangeiras, o professor diz que a cobrança da língua inglesa é a mais aprofundada, por cobrar textos longos e traduções, o que exige um vocabulário complexo. “Nos casos de francês e espanhol, a prova exige que o candidato seja capaz de compreender textos e responda a questões nessas línguas. Mesmo assim, é importante que se diga que não há prova oral. Portanto, mesmo candidatos que não possuam fluência oral nas três línguas podem ser aprovados, desde que se empenhem na preparação”, diz.
 

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