Em escolinha do Real Madrid, estilo e jogadores do Barça fazem sucesso

Em escolinha do Real Madrid, estilo e jogadores do Barça fazem sucesso

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:45

O brasileiro Rogério Bragança dá aula para a garotada na escolinha do Real Madrid (Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com)

  Do lado de fora do campo, os adultos conversavam sobre a derrota do Real Madrid. Davam razão a José Mourinho, reclamavam da expulsão de Pepe e da “proteção” ao Barcelona. No gramado, crianças com a camisa merengue se divertiam com a bola nos pés, mesmo com a insistência do professor em treinar dois toques, obrigando a garotada a raciocinar rápido. Na conversa antes da aula, ensinamentos sobre “fair play” e respeito ao adversário. Um estilo parecido com o pregado por Pep Guardiola, mas esta é uma escolinha da Fundação Real Madrid. O professor é um brasileiro e os meninos deixam a rivalidade de lado ao escolherem seus ídolos: tem Cristiano Ronaldo, Casillas, Kaká, mas também falam de Xavi, Iniesta e, claro, Messi.

O paulista Rogério Bragança, de 31 anos, trabalha nas escolinhas oficiais do Real Madrid desde agosto de 2006, após um período no Benfica, de Portugal. Disposto a morar na Espanha, entregou um currículo no Santiago Bernabéu e cinco meses depois foi chamado para trabalhar com a criançada merengue. Roger, como é chamado pelos espanhóis, tem uma cartilha para seguir, com alguns fundamentos do clube. Mas dentro do campo, o professor aposta no estilo brasileiro de ensinar futebol. O que lembra muito o do maior rival dos “galácticos”.

- Tento ensinar o princípio do futebol, que é ter a bola. Como que um menino de sete anos fica feliz quando joga futebol? É com a bola nos pés. Esse é o jeito brasileiro, assim que aprendemos e assim que eu tento passar para eles – explicou Rogério, fugindo da comparação com o Barcelona.

Crianças ensaiam os primeiros chutes na escolinha do Real Madrid (Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com)

  Na última quarta, o time de Guardiola venceu o Real por 2 a 0, no Santiago Bernabéu, em uma partida nervosa e polêmica pela primeira semifinal da Liga dos Campeões. Mourinho reclamou bastante da expulsão de Pepe após uma entrada de sola em Daniel Alves. O assunto ocupou as manchetes e as conversas em Madri na quinta. Era difícil encontrar um torcedor do Real que não tivesse certeza que o clube foi roubado em casa.

- Vai, Daniel Alves! – gritou um pai, brincando, ao ver um dos meninos jogado no chão, simulando contusão, durante a aula de Rogério.

A Fundação Real Madrid tem 16 escolinhas espalhadas pela capital espanhola. Os professores são contratados pelo clube, recebem material esportivo e organizam um campeonato interno. Cada aluno paga cerca de 40 euros (R$ 91) por mês. Rogério é responsável por 100 crianças, divididas por idade em cinco turmas.

  - Quando cheguei aqui não falava nada de espanhol. Na primeira aula, falei para os meninos: “Vou ensiná-los a jogar futebol, e vocês me ensinarão espanhol” – lembrou o professor, hoje fluente no idioma.

A garotada treina com camisa do Real ou da seleção espanhola, formada pela base do Barcelona. Perguntados sobre quem era o melhor jogador do mundo, os meninos se dividiram. A primeira resposta foi uma pergunta:

- Do Real Madrid?

- Não, do mundo inteiro.

- Ah... Casillas.

- Que jogue com os pés...

- Ah... Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

Nenhum jogador foi unanimidade entre os dez meninos que conversaram com o GLOBOESPORTE.COM. O português e o argentino foram citados, mas eles também lembraram de Kaká, Xavi, Iniesta e David Villa. Ao escolherem o “melhor time do mundo”, a cena se repetiu.

- Seleção espanhola.

- Não... Um clube.

- Real Madrid e Barcelona.

Rogério Bragança orienta a garotada na escolinha do Real Madrid (Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com)

  Enquanto os pais – adultos torcedores do clube merengue – fazem tudo para diminuir o rival, as crianças não ligam para isso. Até porque a maioria dos atletas do Barça defende a seleção e acabaram de ser campeões do mundo, um sonho para qualquer garoto de 10 anos de idade.

- Todos eles são madridistas, mas gostam dos jogadores do Barcelona porque jogam pela seleção também. E a garotada adora essa seleção.        

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