Dia do goleiro: na academia de Zetti, sonhos de quem troca pés pelas mãos

Dia do goleiro: Zetti treina anônimos que preferem o gol

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:13

Até pouco tempo atrás, goleiro era aquele jogador que não possuía nenhuma habilidade com a bola nos pés e acabava "largado" no gol. Zetti e Marcos, campeões mundiais pela Seleção Brasileira, são alguns exemplos de referências embaixo das traves, mas que assumiam a limitação técnica na linha.

- Eu tinha habilidade com as mãos, mas não com os pés, e adorava jogar futebol. Nas peladas, me mandavam sempre para o gol. E deu certo - resumiu Zetti, falando do início da sua vitoriosa trajetória no futebol.

Aos 47 anos, Zetti acompanha as mudanças na posição que o projetou. Nesta quinta-feira, 26 de abril, ele vai festejar mais um dia do goleiro, o quarto como proprietário de uma academia que tem como objetivo treinar sucessores.

Acredite: a posição de goleiro, aquela em que não se pode falhar (Julio César e Deola que o digam), foi a escolha de inúmeros atletas que até tinham condições de jogar na linha, mas preferiram atuar embaixo das traves.

- Aqui na academia a gente faz o mesmo trabalho que os goleiros recebem no profissional, mas com amadores, com inúmeros perfis de atletas. E todos escolheram jogar no gol, não são jogadores ruins na linha, não… - diz Zetti.

O ex-jogador conta com mais de 200 alunos em sua academia.

- Ser goleiro não significa pegar a bola que vai ao gol de qualquer jeito. É preciso uma técnica para cair, para segurá-la e isso só aparece com treinamento - completa o ex-jogador, reserva de Taffarel na Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1994.

Crianças, adolescentes, adultos, meninas, senhores... Os perfis se misturam na academia "Fechando o gol", todos atrás de um condicionamento físico melhor. Bunyu Izuka, 70 anos, 56 dedicados às defesas, é um desses exemplos:

- Eu era volante quando jogava na escolinha, com 14 anos. Um dia precisavam de um goleiro, fui para o gol, peguei bem, gostei da posição e fiquei. Gosto de ser goleiro e treino duas vezes por semana para disputar campeonatos na categoria da minha idade - conta.

O desejo de se destacar nos clubes amadores espalhados por São Paulo ou ter uma qualidade de vida melhor são situações que motivam esses goleiros "por opção".

- Eu também jogava na linha, não comprometia, mas sempre gostei da posição, de assistir a jogos e prestar atenção no goleiro. E o fato de o camisa 1 vestir um uniforme diferente me motivou também. Falo que ser goleiro é um estilo de vida - explica Gérson Domingues, 45 anos, diretor comercial.

- Mesmo eu sendo gordinho, consigo fazer minhas defesas e comento que preciso sempre ser melhor que o goleiro adversário. Prefiro o treino duro da posição a ficar uma hora na esteira em uma academia. E, devagar, já consegui até emagrecer - completa José Fernandes Dias, 34 anos.

Isabela Alchorne também está no "time" dos fanáticos pela posição. Aos 13 anos, treina para defender em grande estilo sua equipe feminina.

- Eu jogava handebol e tinha facilidade de arremessar. Por isso, acabou sendo tranquilo me adaptar nesta posição. Além do fato de eu gostar bastante de futebol - explica ela, que brinca:

- É engraçado jogar com meninos. Eles começam chutando fraco, achando que vão fazer gol de qualquer jeito. Quando percebem que a bola não está entrando, chutam muito mais forte.

Há também muitos garotos que sonham seguir os passos de Zetti, Marcos e Taffarel. Bruno Santos Henriques, Matheus Biguetti de Lacerda e Gianlucca Castellano Fabiano são anônimos que esperam transformar a posição em coisa séria.

O primeiro, aos oito anos, apenas sonha ser um jogador de futebol. O segundo, atleta do sub-13 do Corinthians, já deu um passo para isso, enquanto o terceiro, aos 16 anos, planeja defesas mais ousadas fora do país.

- Quero estudar nos Estados Unidos e espero conseguir uma vaga na universidade lá como goleiro. Quero defender o time de futebol deles, em troca de uma bolsa de estudos. Espero que dê certo, por isso estou treinando - conta Gianlucca.

Goleiros por opção ou ocasião, profissionais ou anônimos, em alta ou em baixa, não importa... Hoje, 26 de abril, todos têm um motivo para comemorar: o fato de serem goleiros.

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