Estreia corintiana no Japão teve reunião para discutir namoro de Casagrande

Estreia corintiana no Japão teve reunião para discutir namoro de Casagrande

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:09

Bruno Winckler

Frio, whisky liberado, férias interrompidas, choro de saudade e consequente má preparação para o Brasileirão marcaram os primeiros jogos do Corinthians no país do Mundial

Em janeiro de 1984 o Corinthians visitou o Japão pela primeira vez. Por um bom cachê, lembra o ex-lateral Wladimir, o elenco teve suas férias interrompidas para disputar três amistosos contra a seleção japonesa, no início de excursão de 20 dias que também passou por por Hong Kong, Tailândia e Indonésia.

A viagem teve duração de 30 horas, jogo no dia seguinte à chegada, whisky liberado para enfrentar a longa jornada e uma série de reuniões para decidir se o apaixonado Casagrande poderia voltar antes da delegação para estar com uma nova namorada.

"Comecei a namorar com a Monica, que é minha ex-esposa, estava bastante apaixonado, tinha acabado de iniciar o namoro e tinha logo essa viagem pro Japão. Fui a contragosto. Quando cheguei lá convoquei várias reuniões, era a democracia (corintiana) e eu usava o meu direito de voto para ver se na votação eu poderia ganhar os votos e voltar\", lembra Casagrande, que se casou com Monica em 1985 e se separou dela em 2006.

Wladimir se recorda que o apelo do centroavante do time não teve sucesso. \"Só o Sócrates votou a favor do Casagrande e disse que ele tinha de voltar. Eu achava que ele tinha de ficar e disse que todo mundo estava com saudade de alguém. Eu tinha filhos pequenos\", disse o ex-camisa 4 corintiano.

"Só o Sócrates votou a favor\", lembra Casangrande com carinho do amigo que morreu há quase um ano. \"O voto que fechou e eu parei de insistir foi o do Eduardo (Amorim). Ele disse que quando ele estava no Cruzeiro ele fez aquela mesma excursão que o Corinthians estava fazendo o pai tinha morrido. Aí eu fiquei até o fim. Não tive mais argumentos\", conta.

O Corinthians fez três jogos naquela viagem ao Japão. Jogou em Kobe, Tóquio e Nagoya, esta última local da estadia do elenco antes da estreia no Mundial em 12 de dezembro. Foram duas derrotas e uma vitória. Wladimir lembra que o time teve pouco tempo para se preparar e vinha de alguns dias parados.

O último jogo do Corinthians em 1983 foi em 18 de dezembro. No dia 12 de janeiro do ano seguinte os jogadores já se apresentaram no aeroporto de Congonhas para a viagem ao Japão. As festas de fim de ano e o curto período de férias comprometeram o desempenho corintiano.

“Foi uma viagem muito longa e a gente não se preparou da forma correta. Nós pegamos uma seleção japonesa voando. Impressão que a gente tinha era que quando eles voltavam para o segundo tempo tinham trocado todos jogadores. O pique era o mesmo”, recorda Wladimir. O Corinthians jogou três partidas contra a seleção japonesa. Perdeu duas e ganhou uma. 

Fora a falta de preparação, os corintianos enfrentaram temperaturas muito baixas, próximas do 0ºC, não muito diferente do que espera o elenco de Tite em dezembro. O frio enfrentado naquela época fez com que a diretoria e comissão técnica liberasse as bebidas alcóolicas durante o longo voo e na estadia no Japão.

"Antes até liberavam uma cervejinha, mas lá até o whisky liberaram, Então a gente podia tomar umas a mais. Assim ficou mais fácil viajar. A viagem era muito longa e acabou que foi tudo tranquilo\", se lembra Ataliba, outro corintiano daquele elenco. O frio ao menos garantiu o primeiro contato de muitos dos jogadores com a neve.

"Os jogos foram muito ruins, só foi bom porque nunca tinha presenciado a neve. No outro dia que a gente chegou já tinha neve e foi a maior farra. Ficamos uns 20 minutos jogando neve uns nos outros, mas estava muito frio e voltamos para o hotel\", conta Ataliba.

Aquela foi apenas uma das farras dos corintianos. Depois de aceitar a decisão da maioria, Casagrande aprontou muito com seus colegas. Ele conta que comprou uma máscara de monstro e se escondeu dentro do guarda-roupa do quarto de Zenon. 

"Eu ficava abrindo e fechando a porta do armário de leve. Quando ele percebeu começou a sair do quarto eu abri a porta com tudo e o Zenon deu de cara a porta do quarto, tentou passar no meio. Foi demais, meu\", se recorda Casagrande, dando risadas. Ele fez a mesma brincadeira com uma camareira. \"A japonesinha caiu no ato\", disse o ex-centroavante.

A excursão corintiana pela Ásia teve outras três partidas com duas vitórias e um empate. A equipe voltou ao Brasil no dia 1º de fevereiro e estreou no Brasileirão no dia 3 contra o Operário-MT em São Paulo. Para Casagrande a pré-temporada ruim da equipe, que vinha de um bicampeonato paulista, comprometeu o resultado final daquele ano. O time chegou à semifinal do  Brasileiro, mas perdeu para o Fluminense. 

"Uma preparação de base era fundamental. Chegamos num dia do Japão e no outro jogamos pelo Brasileiro. Acabou que sentimos lá na semifinal. Pegamos um Fluminense voando e a gente chegou capengando\", disse o hoje comentarista da TV Globo, para quem o Corinthians de hoje tem boas chances de título no Japão. A estreia no dia 12 de dezembro.


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