No futebol, às vezes nem tudo é "preto no branco". Há momentos em que, por exemplo, até a derrota não soa como sinônimo de fracasso. Por vezes, o significado parece ser justamente o contrário. Foi algo nessa linha que ocorreu na partida entre San Lorenzo e Grêmio, na noite desta quarta-feira, no Nuevo Gasómetro, em Buenos Aires. A "crise" sobre a equipe de Enderson Moreira fora atenuada pela atitude demonstrada em campo. Se o técnico estava na berlinda, ganhou sobrevida diante de uma aliviada direção para o confronto da próxima semana, na Arena. Mesmo com um revés que atingiu marca histórica negativa adormecida há quatro anos.
Sabedor da pressão, tanto interna quanto externa após as derrotas nos Gre-Nais e na estreia no Brasileiro, Enderson não sorriu na entrevista coletiva ainda na casa do San Lorenzo. Mas também evitou o abatimento. Discursou com palavras em tom semelhante a outras tantas coletivas como técnico do Grêmio. E exaltou o desempenho da equipe, que foi a campo desfalcada de Rhodolfo e Wendell, lesionados, sem contar Luan, que entrou no segundo tempo ainda com a mão em recuperação de uma fratura sofrida há 20 dias.
- Fiquei muito triste pelo resultado, mas feliz pela atuação. Mesmo com resultado ruim, é momento de readquirir a confiança. Hoje, não conseguimos o resultado, mas foi importante a atuação, a maneira com que competimos - destacou, na sala de imprensa do estádio.
Só que há um dado negativo que faz soar sinal de alerta. Desde 2010, quando Silas era o comandante gremista, a equipe Tricolor não amargava três derrotas em sequência na temporada. O comandante, contudo, evita ao máximo falar no assunto “demissão”. Deixa para a diretoria.
- Vou falar com a maior sinceridade possível. Serei treinador do Grêmio até o momento em que a direção achar. Enquanto isso, vou tentar envolver os atletas para que possam sempre fazer bons jogos, buscar as vitórias. Prefiro não pensar no futuro, no "se". Penso somente sempre no próximo jogo - argumenta.
aplaudiram e pronunciaram em coro o grito de guerra “Grêmio, Grêmio, Grêmio”, exemplificando o quão soou positiva a atitude da equipe em detrimento da derrota no placar.
Antes de ingressar no ônibus do clube, o presidente Fábio Koff, que dera entrevista coletiva na segunda cobrando "indignação" do elenco, desfilou reconhecimento ao treinador.
- Conseguimos evitar uma diferença de gols muito grande. Esse objetivo técnico alcançou. É preciso reconhecer o trabalho. Pode perder um jogo, mas a gente viu que é um time que encara qualquer adversário - observou Koff, para a Rádio Guaíba.
O diretor executivo de futebol Rui Costa endossou a fala otimista de Koff. Reiterou a confiança em Enderson. Diagnosticou o "dedo do treinador" no time, que colecionou chances para empatar no segundo tempo. Em razão disso, saiu satisfeito com o trabalho executado no Nuevo Gasómetro.
- Saio daqui satisfeito. O mais importante é que o time mostrou em campo o que o treinador exercitou na semana e pediu na palestra. Quando a equipe consegue traduzir as orientações em campo, é porque o trabalho é bem feito. Tem tido sempre o dedo do treinador. Claro que às vezes as coisas não acontecem como se deseja - argumenta, compreensivo.
A delegação desembarca às 15h20m desta quinta em Porto Alegre, sabendo que precisará de uma vitória por dois gols de diferença ou devolver o 1 a 0 e decidir nos pênaltis. Qualquer triunfo gremista por um gol de diferença, mas levando gol, é insuficiente. Antes do novo embate no dia 30, às 22h, em Porto Alegre, o Grêmio tem o Brasileiro pela frente, no qual também precisa se recuperar, pois perdera na estreia, para o Atlético-PR.
O Tricolor recebe o Atlético-MG, que também está envolvido nas oitavas do torneio continental. Assim como os gaúchos, os mineiros perderam para o Atlético Nacional de Medellín - assim, não há mais invictos nesta edição da Libertadores.
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