Patrícia e mais três são indiciados por injúria racial na Arena

Inquérito será remetido à Justiça nesta terça-feira. Caso ocorreu no dia 28 de agosto, em partida entre Grêmio e Santos, pela Copa do Brasil

Fonte: Globoesporte.comAtualizado: terça-feira, 30 de setembro de 2014 às 13:39

A Polícia Civil indiciou quatro torcedores do Grêmio por injúria racial no inquérito do caso Aranha. Os documentos serão remetidos à Justiça nesta terça-feira. No dia 28 de agosto, em partida entre o time gaúcho e o Santos, pela Copa do Brasil, os gremistas foram flagrados ao gritar ofensas de cunho racista ao goleiro adversário.

Conforme o delegado regional de Porto Alegre, Cleber Ferreira, oito pessoas foram identificadas cometendo supostas injúrias contra o goleiro do Santos, porém, quatro deles foram indiciados. Patrícia Moreira, a jovem que foi flagrada por câmeras de TV gritando a palavra "macaco" está entre os indiciados. Além de Patrícia, Éder Braga, Rodrigo Rychter e Fernando Ascal foram indiciados pela polícia.

O último ainda foi indiciado por furto, por ter levado o boné de um segurança no dia da partida. Os torcedores foram identificados através de imagens das câmeras de segurança do estádio e depoimentos. 

- Inicialmente, a equipe da delegacia buscou imagens de vídeo. Localizou as residências. E chamou eles. Só um deles nega que proferiu as palavras - disse o delegado Cleber Ferreira.

Ainda de acordo com a polícia, as investigações vão continuar para identificar nome e endereço dos outros quatro torcedores flagrados que acabaram não sendo indiciados.

- Vamos seguir nas investigações. Podem ser identificados até mais que outros quatro, cinco ou seis. O número pode aumentar - diz o delegado.

A pena para injúria racial é de um a três anos de reclusão. O delegado afirma, porém, que a Justiça irá decidir quem irá cumprir pena e quais torcedores terão de se apresentar em delegacias em horários de jogos.

Fonoaudiólogas foram acionadas para fazer a leitura labial e corporal dos torcedores identificados nas imagens,

- Além da palavra macaco, um dos torcedores falou a palavra "preto". Outros imitavam um macaco, outros tocavam na pele indicando a cor - afirmou a fonoaudióloga Débora Saltiel.

De acordo com a polícia, foram analisadas mais de três horas de gravação. As autoridades afirmam polícia afirma que as investigações vão continuar para identificar nome e endereço dos outros quatro torcedores flagrados que acabaram não sendo indiciados.

Entenda o caso
O incidente ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.

A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia no dia seguinte à partida. A torcedora, que deixou a casa onde morava, teve parte da residência incendiada por um jovem que confessou o crime.

O clube recorreu ao pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para tentar reverter a exclusão da Copa do Brasil. No julgamento na sexta-feira, porém, o STJD decidiu manter parcialmente a decisão da 3ª comissão disciplinar que retirou o time da competição. Os auditores votaram contra a exclusão e decidiram punir os gaúchos com a perda de pontos, o que acarretou na eliminação da equipe, já que esta havia perdido a partida de ida para o Santos por 2 a 0, pelas oitavas.

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