Não consumir bebidas alcoólicas antes, durante ou depois das partidas; não provocar ou se envolver em brigas e/ou confusões com outros grupos de torcedores; e não proferir palavrões ou qualquer tipo de xingamento no decorrer dos jogos. Acredite, essas são as regras básicas de uma torcida organizada.
Trata-se de uma torcida organizada evangélica. A ideia surgiu em 2005 com a Torcida Evangélica do Coritiba e se espalhou. Dois grandes exemploss do fenônemo são a 'Fogospel' e a 'Flagospel', torcidas do Botafogo e do Flamengo.
Xingar o juíz é algo comum nos estádios. Será que os torcedores evangélicos seguem à risca a regra de não falar palavrôes? Henrique Reinaldo da Silva, presidente da Flamengo, explica que os integrantes acabam passando por um processo de reeducação.
"Você realmente não escuta palavrão porque essa é uma das poucas regras que nós colocamos. Não brigamos, não bebemos e não falamos palavrão. É claro que existem pessoas que não são evangélicas e se juntam a nós por conta do clima mais tranquilo, elas acabam cedendo ao ímpeto de xingar um determinado jogador, por exemplo. Mas para quem é efetivamente integrante da torcida evangélica, isso é mais do que uma regra, é uma questão de bom exemplo", relata.
O pastor Hercules Martins, fundador da Fogospel, confirma que alguns sentem dificuldade de adaptação no começo, mas acaba acontecendo um 'constrangimento natural' em função da postura coletiva.
"Se a pessoa ainda tem esse hábito, mesmo sendo evangélica, já muda de comportamento três ou quatro jogos depois. Nunca precisei chamar atenção de alguém por esse motivo", explica.
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Apesar da rivalidade entre os clubes cariocas, as duas torcidas evangélicas congregam na mesma igreja em Olaria-RJ. O clima de rivalidade é preservado, mas com saúde e respeito, segundo os presidentes.
"Um brinca com o outro. Sempre me falam, por exemplo, que o símbolo do Flamengo é o urubu, e o urubu não pode ser um animal de Deus. Mas tudo é feito com muito respeito", diz o presidente da Flagospel, "na verdade, nós criamos uma nova família, e é algo que está atraindo até mesmo os integrantes das torcidas organizadas tradicionais. Temos muitos testemunhos de pessoas que quase morreram em brigas entre torcidas e hoje se converteram, e estão conosco".
Atualmente a Fogospel, torcida do Botafogo, tem 200 membros. Já a Flagospel, torcida do Flamento, tem 70.
"O que nos une, independentemente do clube de coração, é o evangelho. Ele está acima de nós. É claro que existe uma rivalidade, já que moramos no país do futebol e o Rio é muito forte nisso. Mas esse movimento de cultos reunindo torcedores de vários clubes é algo que está crescendo. Não só na minha igreja, em várias. Já fui chamado para pregar para vascaínos, tricolores, flamenguistas... Às vezes o pessoal ameaça dar uma vaia, mas é tudo na base da brincadeira", afirma Martins.
com informações da UOL
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