"Não tinha nenhuma segurança. É um trabalho que deixa doente". É assim que Miguel Lemos, de 39 anos, descreve os três anos que foi funcionário da mina San José - a mesma em que ficaram presos os 33 mineiros resgatados nesta terça e quarta-feira. Para ele, o deslizamento que provocou a 'prisão' dos homens foi resultado de um 'mau trabalho'.
"Eles trabalham de oito a 12 horas sem comer. Quer dizer, podem levar comida, mas lá não há nada e não nos oferecem nada. Eu já quebrei dois dedos e um dente. Nunca me ajudaram com isso. Não me arrependo de ter deixado de ser mineiro. Fazendo bicos eu ganho mais e não me arrisco", contou ele, sentado na calçada da rua em que também moram os mineiros resgatados Pedro Contreras e Carlos Bugueño.
Miguel conhece vários dos mineiros resgatados e contou que, apesar de uma situação de trabalho difícil, o convívio entre eles era agradável. "Não acredito que deva ter havido algum problema muito grande de convivência. Muitos deles já se conheciam e se davam bem." Sobre o momento do acidente, ele diz que primeiro sentiu raiva e pena e que pensou que todos estavam mortos. "Fui direto pra mina quando soube. Era muito sofrimento, angústia. Mas quando descobrimos que estavam todos bem, foi uma alegria imensa."
O chileno parou de trabalhar na San José em 2007, quando a mina foi fechada após a morte de um mineiro . A reabertura ocorreu em maio do ano seguinte. Agora, uma comissão de investigação analisa se houve falhas na fiscalização para a permissão de reabrir.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, prometeu nesta quinta-feira uma reforma trabalhista após o que chamou do milagre do acampamento Esperança. Segundo a imprensa local, ele reiterou que a legislação trabalhista mudará e se aperfeiçoará aos padrões internacionais. Após o fim da operação de resgate, na quarta, Piñera havia dito que um acidente semelhante ao que envolveu os mineiros nunca mais poderia acontecer no Chile.
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