O premiê da Itália , Silvio Berlusconi , enfrenta nesta terça-feira (8) no Parlamento uma votação-chave sobre o Orçamento, em meio ao temor de que o país poderá ser a próxima vítima da crise das dívidas na zona do euro.
A votação desta terça-feira poderá indicar se Berlusconi, que já sobreviveu a mais de cinquenta votos de confiança, mantém ou não o apoio da maioria do Parlamento.
Na segunda-feira, Berlusconi negou que pretenda renunciar, após o custo para a rolagem da dívida italiana ter atingido um nível recorde por conta dos temores de que o país não tem capacidade de pagar a dívida. Muitos analistas veem o atual governo demasiadamente enfraquecido para impor os cortes de gastos necessários para conter o déficit público e o aumento da dívida.
As preocupações com a Itália praticamente tomaram o lugar das discussões sobre a Grécia, onde líderes políticos locais ainda discutem a formação de um novo governo de união para implementar medidas de austeridade em troca de ajuda internacional.
Na semana passada, sob pressão, o governo italiano anunciou que se submeterá a inspeções trimestrais do FMI (Fundo Monetário Internacional) para verificar o cumprimento de suas políticas para contenção da dívida.
Sem apoio
Apesar de ter um déficit público relativamente baixo, de 3,7% do PIB, a Itália causa preocupações entre os investidores, com uma combinação de baixo índice de crescimento e uma dívida de 1,9 trilhão de euros.
Na segunda-feira, as principais bolsas europeias subiram em meio à expectativa de uma saída de Berlusconi, mas voltaram para o vermelho após ele negar a renúncia em sua página no Facebook.
Segundo correspondentes locais, especula-se que Berlusconi não tenha mais a maioria no Parlamento, após relatos de que alguns deputados ligados ao governo retiraram seu apoio ao premiê.
Berlusconi mantém a afirmação de que seu governo tem o apoio necessário para se manter, mas se ele perder a votação do Orçamento nesta terça-feira, é difícil imaginar que ele possa continuar no cargo, segundo avalia o correspondente da BBC em Roma Alan Johnston.
Apesar de ter sobrevivido a dezenas de votos de confiança no passado, Berlusconi pode enfrentar dificuldades para sobreviver mais uma vez, já que a atual crise não é somente política, mas está também ligada aos mercados financeiros internacionais, que perderam a confiança no premiê para gerir a economia do país.
Os mercados agora forçam a Itália a pagar taxas de juros altas, que podem eventualmente levar o país à bancarrota, o que significa que a pressão sobre Berlusconi para deixar o cargo é alta.
Plano de resgate
Ainda na segunda-feira, ministros das Finanças dos países da zona do euro se reuniram em Bruxelas para tentar avançar com o plano de resgate acertado no mês passado.
Após o encontro, eles pediram ao novo governo da Grécia que aprove oficialmente o plano com as condições para o resgate internacional do país como condição para que o governo grego receba a próxima parcela de ajuda financeira.
Eles também elogiaram o monitoramento da Itália pelo FMI para tranquilizar os mercados e disseram esperar mais detalhes sobre a aprovação das reformas econômicas prometidas pelo país.
O Comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, disse que espera respostas da Itália até o fim da semana.
'É essencial agora que a Itália cumpra suas metas fiscais, assegure a sua implementação e intensifique as reformas estruturais que podem promover o crescimento', disse ele, segundo a agência de notícias AFP.
Nesta terça-feira, ministros das Finanças de todos os 27 países da União Europeia se reunirão para discutir o problema.
Segundo o correspondente da BBC para a Europa Chris Morris, porém, não deve haver acordo sobre os detalhes da expansão do Fundo Europeu para Estabilidade Financeira (FEEF).
No fim de outubro, líderes europeus haviam concordado em princípio a elevar o montante do fundo dos atuais 440 bilhões de euros para 1 trilhão de euros para ajudar a conter os problemas com as dívidas dos países em dificuldades, incluindo Itália e Espanha.
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