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Agentes americanos caçam turistas sexuais dos EUA no exterior

Agentes americanos caçam turistas sexuais dos EUA no exterior

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:58

Como parte de uma iniciativa para proteger crianças contra predadores sexuais americanos, incluindo aqueles que atuam fora dos Estados Unidos, policiais americanos operando no sudeste asiático conseguiram trazer mais de 85 supostos turistas sexuais de volta ao país para enfrentar a Justiça.

Para ocidentais presos por molestar crianças na região, as coisas nem sempre terminam tão mal.

O roqueiro britânico Gary Glitter, por exemplo, foi sentenciado a dois anos e meio de prisão no Vietnã por praticar atos obscenos com duas meninas. Uma tinha 10, a outra tinha 12 anos.

Mas se um cidadão americano é pego molestando crianças no exterior, a polícia americana está agora à postos na área com o objetivo específico de colocar o suspeito em um avião para ser julgado nos Estados Unidos.

Por trás da operação está a agência ICE (sigla para Immigration and Customs Enforcement), parte do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, com sede em Washington.

'Não pense que simplesmente comprando uma passagem para sair dos Estados Unidos e ir a um país com capacidades menos robustas de investigar e julgar (criminosos) você vai ser capaz de escapar de novo', disse John Morton, diretor da ICE.

'Um exemplo perfeito: os três cavalheiros que trouxemos do Camboja'.

Os 'cavalheiros' foram alvo de uma humilhante operação de extradição que recebeu, intencionalmente, grande atenção da mídia um ano e meio atrás.

Os três haviam sido condenados anteriormente por abusar sexualmente de crianças pequenas nos Estados Unidos.

O mais velho, Jack Sporich, um ex-fuzileiro naval com 75 anos de idade, pode receber uma sentença de 15 anos por crimes sexuais cometidos contra vários meninos.

Parceria

As prisões do Camboja estão cheias de pedófilos estrangeiros, mas a maioria recebe apenas sentenças curtas. E elas podem ser evitadas se você tiver dinheiro para pagar a polícia e o juiz.

Nos sete anos desde que o Protect Act - a legislação de proteção à criança - entrou em vigor nos Estados Unidos, mais de 85 turistas sexuais foram trazidos de volta ao país.

Mas a operação não teria dado certo sem uma mudança profunda na forma como agentes americanos trabalham com a polícia e, principalmente, com cidadãos locais.

Nos centros turísticos do Camboja, a ONG Action Pour Les Enfants (ação pelas crianças, APLE) exerce a função de ser os olhos e ouvidos da ICE, vigiando americanos suspeitos.

Jovens em motocicletas patrulham as ruas com câmeras de vídeo cedidas pelos americanos.

Foi assim que uma equipe à paisana encontrou o farmacêutico aposentado Ronald Adams procurando abertamente por meninas menores de idade para sexo. 'Quanto mais jovens, melhor', ele dizia.

Esse tipo de colaboração entre policiais americanos e a população local seria impensável há 30 anos, quando os americanos bombardearam o país.

Peixe graúdo

Entre as operações da ICE que mais chamaram a atenção está a prisão de Kent Frank, um milionário da Flórida, com 45 anos.

Ele é um turista sexual global, que foi pego abusando de quatro meninas em seu quarto de hotel em Phnom Penh, no Camboja.

Vansak Suos, um cambojano que trabalha para a ICE, contou como Frank tentou subornar o chefe da polícia local.

'Kent Frank apenas ficou em pé e colocou a mão no bolso. Depois, apertou a mão do chefe, e o chefe achou US$ 100 na sua mão', disse Suos.

Frank admitiu que havia tido relações sexuais e tirado fotos das meninas com quem estava, explicando que achava que elas eram maiores de idade.

'É uma defesa comum, dizer que essas crianças são maiores do que aparentam porque são asiáticas', disse um outro agente da ICE, Gary Philips.

Frank tentou apagar fotos incriminadoras de sua câmera digital, mas de volta aos EUA, agentes da ICE conseguiram recuperar cerca de 1.600 fotos.

Hoje, Frank cumpre uma sentença de 40 anos em uma prisão federal.

Impunidade

Outro caso ilustra que nem sempre a ICE consegue o resultado que gostaria.

É o do americano aposentado Ronald Adams, que administrava um barzinho na cidadezinha praiana de Sihanoukville.

Em fevereiro do ano passado, oficiais da polícia nacional do Camboja fizeram uma busca em seu apartamento.

Encontraram DVDs com pornografia infantil, acessórios sexuais e uma série de drogas ilegais.

Adams foi acusado de drogar e estuprar uma menina de 12 anos.

Um agente da ICE fazia parte do grupo que realizou a operação.

Mas após passar sete meses em uma prisão no Camboja, Adams foi libertado sem uma acusação formal.

O tribunal decidiu que, porque a suposta vítima disse ter sido drogada, seu depoimento não é confiável.

Desde então, Adams desapareceu.    

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