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Bandidos ameaçavam matar senador paraguaio em frente ao Congresso

Bandidos ameaçavam matar senador paraguaio em frente ao Congresso

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:25

O senador paraguaio Robert Acevedo afirmou nesta terça-feira que havia recebido ameaças por telefone indicando que ele seria assassinado em frente ao Congresso Nacional na sexta-feira (23). "Os narcotraficantes queriam demonstrar seu poder no Paraguai, matando meu irmão em frente ao Congresso, mas ele escapou", disse à Folha por telefone José Carlos Acevedo.

Acevedo informou ainda que seu irmão aguardava a visita do presidente paraguaio, Fernando Lugo, no início da tarde de hoje.

Em conversa com o irmão, José Carlos Acevedo, e o senador Alberto Grillón, que o visitou na clínica San Lucas na manhã desta terça-feira, o senador alvo dos ataques informou que após receber as ligações decidiu ficar em Pedro Juan Caballero. As ameaças seguiram no sábado e domingo.

Tanto o senador quanto seu irmão seguem defendendo que os autores do atentado estão conectados com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

"O governo paraguaio precisa ter mais atenção em Pedro Juan Caballero, sobretudo com o grande número de imigrantes ilegais, precisamos ter muito mais controle", disse José Carlos.

O irmão do senador acrescentou que a polícia já sabe que as armas utilizadas no atentado eram fuzis AR-15 e AK-47, armamentos utilizados pelos narcotraficantes da região. "Os cartuchos são destes tipos de armas que a polícia paraguaia não dispõe, são fuzis de guerra usados pelos traficantes que operam aqui", indicou José Carlos.

A alta do senador é aguardada para o fim da tarde desta terça-feira, quando os médicos serão um parecer final sobre seu estado de saúde.

Atentado

Robert Acevedo é senador pelo Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), e foi vítima de um atentado na cidade de Juan Pedro Caballero. O motorista e segurança pessoal que acompanhavam Acevedo morreram, e ele foi alvejado com dois tiros.

Proprietário de uma rádio, Acevedo é conhecido pelas duras críticas aos narcotraficantes que dominam a região de fronteira entre o Paraguai e o Brasil. Em entrevista à Folha ele culpou o narcotráfico pelos ataques.

Ainda ontem o presidente do Congresso, Miguel Carrizosa, esteve em Pedro Juan Caballero visitando o senador internado e pedindo que a segurança dele se mantenha reforçada.

Após ordens do ministro do Interior, Rafael Filizzola, na terça-feira, o efetivo que garante a integridade de Acevedo foi aumentado e deve permanecer assim pelos próximos dias.

Sobre a saída do senador Robert Acevedo da cidade de Pedro Juan Caballero, seu irmão adiantou que ainda não há decisão concreta. "Ele já alterna entre as duas cidades, durante a semana e fim de semana, mas poderá ter que ficar somente na capital neste momento inicial", indicou.

Militarização

Após visitar o senador Robert Acevedo na clínica San Lucas, o presidente do Congresso paraguaio, Miguel Carrizosa, anunciou que fará um pedido formal ao presidente Fernando Lugo para que aumente a presença militar na região.

Em entrevista ao jornal "La Nacion", Carrizosa afirmou que o senador Acevedo deveria deixar a cidade e se radicar na capital.

"Solicitaremos ao presidente Lugo a militarização de Pedro Juan Caballero", disse o parlamentar ao sair do hospital. Para ele a violência na cidade, que já está sob estado de exceção, "ultrapassou os limites".

De acordo com o Congresso a polícia precisa intensificar as investigações para encontrar com mais rapidez os mandantes do atentado contra o senador Robert Acevedo.

"Só estão pegando os "peixes pequenos', enquanto os "peixes grandes" estão escapando, pouco a pouco", disse Carrizosa ao jornal "La Nacion".

Brasil e PCC

Indagado acerca de uma possível ligação com a facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital), o chefe de polícia da cidade de Pedro Juan Caballero, Francisco González, afirmou tratar-se de uma "hipótese". "Não se pode adiantar nada ainda sobre a conexão com o PCC, mas neste momento não estamos descartando essa possibilidade", disse.

O ministério do Interior paraguaio confirmou na segunda-feira as identidades de dois brasileiros detidos como suspeitos do atentado, e indicou que as investigações já estão em estágio avançado.

A chefe de imprensa do ministério, Dolly Olmedo, disse em entrevista por telefone à Folha que os brasileiros Eduardo da Silva, 27, e Marcos Cordeiro Pereira, 34, estão presos na cidade de Pedro Juan Caballero, mas explicou que a polícia paraguaia ainda não tem comprovação da ligação dos dois com o PCC (Primeiro Comando da Capital), informação publicada pela imprensa local.

A cidade de Pedro Juan Caballero é a capital de Amambay, um dos Departamentos (Estados) declarados em estado de exceção pelo Parlamento paraguaio para combater a guerrilha EPP. O estado de exceção, decretado por 30 dias, afeta os Departamentos de Concepción, San Pedro, Amambay, Presidente Hayes e Alto Paraguai, onde vivem 800 mil pessoas, quatro deles fazem fronteira com o Brasil.

A polícia descartou qualquer ligação entre o EPP e o atentado desta segunda-feira.

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