O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse que pressionará pela realização de novas eleições ao primeiro sinal de que sua capacidade de governar foi enfraquecida pelas profundas divergências com um poderoso ex-aliado.
"O caminho é estreito e, ao primeiro incidente, vamos às eleições", disse o premiê a senadores de seu partido, o Povo da Liberdade (PdL), durante jantar nesta segunda-feira.
O partido sofreu um racha com a saída do ex-aliado e presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, que criou um novo partido com 33 deputados do PdL, o suficiente para tirar a maioria que o governo tem na Casa, e dez senadores, o que reduziria a maioria governista no Senado para apenas duas cadeiras de vantagem.
Agora, Berlusconi enfrentará seu primeiro teste de força desde o rompimento, quando o novo Parlamento votar sobre o futuro de um de seus subsecretários na quarta-feira.
O resultado da votação dará uma medida concreta do balanço de poder no Parlamento após o rompimento com o cofundador do PDL.
Parlamentares votarão uma moção de desconfiança proposta pela oposição contra Giacomo Caliendo, subsecretário de Justiça, que é investigado por supostamente fazer parte de uma organização secreta que conspirou para manipular nomeações políticas e judiciais.
Caliendo negou as acusações e rejeitou os pedidos pela sua renúncia. Ele disse que foi questionado por um juiz no dia 30 de julho e que deu informações que comprovariam sua total inocência. Berlusconi apoiou o funcionário.
O governo não é obrigado a renunciar caso a moção contra Caliendo seja aprovada, mas isso poderia desferir o tipo de golpe simbólico que Berlusconi sinalizou que não tolerará.
Se o governo renunciar e o presidente da Itália --cujo papel é principalmente institucional- não conseguir formar um novo, ele pode dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, que geralmente são realizadas dois meses mais tarde. O ccalendárioeleitoral italiano prevê eleições apenas em 2013.
INCOMPATIBILIDADE
Fini, presidente da Aliança Nacional (surgida do antigo partido neofascista MSI), entrou em 1994 para a coalizão de Berlusconi e ambos fundaram, em março de 2009, o PdL, o grande partido destinado a reunir a direita italiana.
Há meses, Fini começou a discordar publicamente do governo Berlusconi e, recentemente, afirmou que todos os políticos processados deveriam renunciar. Três ministros nesta situação acabaram abandonando o governo.
Fini também contribuiu para modificar um polêmico projeto de lei destinado a limitar as escutas telefônicas legais, contrariando Berlusconi diretamente.
Na semana passada, ele criou um novo partido --Azione Nazionale (AN)-- uma referência ao partido Aliança Nacional.
Berlusconi acusou Fini de ser um traidor e conspirador e tentar levar o partido a uma lenta morte e pediu que deixe a Presidência da Câmara de Deputados.
O PdL emitiu um comunicado duro condenando Fini e dizendo que suas ações e comentários não mais refletiam os ideais do partido.
O ex-aliado respondeu que a Presidência da Câmara "não está a disposição" do primeiro-ministro.
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