O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira ter recebido "com afeto" as palavras do comandante das Forças Armadas da Colômbia, Freddy Padilla, que qualificou de "impensável" uma eventual guerra entre os dois países em meio à crise bilateral. Nesta sexta-feira, Chávez se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a crise diplomática entre Caracas e Bogotá.
"Hoje recebi com afeto a mensagem que enviou o comandante geral do Exército da Colômbia (...). E acho que hoje lançou uma frase que diz que entre Venezuela e Colômbia nunca deve haver uma guerra, e é verdade", disse Chávez a jornalistas, no palácio presidencial de Miraflores.
Em uma entrevista publicada nesta quinta-feira em um jornal venezuelano, o general Padilla afirmou que "é impensável absolutamente um conflito entre os militares de Venezuela e Colômbia".
Padilla, que deixará o cargo no sábado, quando assume o presidente eleito Juan Manuel Santos, garantiu que a Colômbia "precisa da cooperação internacional para sua luta antiterrorismo (...) e do apoio da Venezuela e suas forças armadas nessa tarefa global contra o narcotráfico".
Chávez rompeu relações diplomáticas com Bogotá no dia 22, depois que o país vizinho levou à OEA (Organização dos Estados Americanos) denúncias de que Chávez abriga guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional) em território venezuelano.
Hoje, Chávez reiterou que mantém a "esperança" de poder "reiniciar uma relação transparente" com o novo governo de Santos, apesar de ter dito que não irá à cerimônia de posse neste sábado em Bogotá.
MEDIAÇÕES
O secretário-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, chegou hoje a Caracas, onde foi recebido por Chávez para tratar da crise diplomática entre Colômbia e Venezuela. Kirchner deve também se encontrar com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
"Temos que conviver com todos, respeitando a diversidade, respeitando a pluralidade e entendendo cada nação, seus vínculos políticos, culturais e institucionais", disse o argentino.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será recebido amanhã em Caracas por Chávez, dentro da programação de reuniões bilaterais trimestrais, tendo desta vez a crise diplomática entre Colômbia e Venezuela como pano de fundo. Kirchner também deve participar do encontro, disse um porta-voz da Unasul.
Segundo o governo brasileiro, Lula participará de uma reunião de cooperação com a África de manhã, se reunirá com Chávez depois do almoço e, no final do dia, viajará para a Colômbia, onde acompanhará a posse de Juan Manuel Santos na Presidência no sábado.
Segundo as informações oficiais, Lula e Chávez conversarão sobre planos nos setores agrícola, financeiro, habitacional e outras iniciativas na área social, inclusive nas áreas de fronteira.
Durante a reunião trimestral anterior, em Brasília, no mês de abril, Venezuela e Brasil assinaram 20 acordos bilaterais nas áreas de alimentos, energia, habitação, financeira e transportes, entre outras.
O porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, disse ontem que Lula está disposto a promover o diálogo entre Venezuela e Colômbia e aproveitará as visitas aos dois países para buscar esse objetivo.
Baumbach esclareceu que as visitas já estavam marcadas antes de Chávez anunciar o rompimento das relações com a Colômbia.
LULA X URIBE
O porta-voz da Presidência confirmou que Lula não tem nenhuma reunião bilateral prevista com Uribe, mas reiterou que o Brasil deu como superado o mal-estar causado por uma troca de declarações entre ambos.
Na semana passada, Uribe "deplorou" as declarações de Lula nas quais o presidente brasileiro assegurava que não via nenhum conflito além do verbal entre Colômbia e Venezuela.
"Sabemos que o presidente Santos quer dialogar (com Chávez) e o Brasil espera que essa propensão ao diálogo leve a uma melhora" nas relações entre Venezuela e Colômbia, disse Baumbach.
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