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Com força política de Clinton, democratas nomeiam Obama parareeleição

Com força política de Clinton, democratas nomeiam Obama parareeleição

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

Leda Balbino

Popular ex-líder americano defende mais quatro anos para presidente dos EUA em dia de Convenção Democrata marcada por temática econômica

Com a força de seu capital político e histórico de sucesso na condução da economia dos EUA nos anos 1990, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) entrou no palco da lotada Time Warner Cable Arena nesta quarta-feira para nomear Barack Obama como candidato democrata a um segundo mandato nas eleições de 6 de novembro. Em um discurso marcado por reações efusivas da plateia de cerca de 20 mil espectadores durante a Convenção Democrata em Charlotte, Carolina do Norte, Clinton assegurou que Obama ainda fará muito pelo país caso conquiste nas urnas o direito de ocupar a Casa Branca por mais quatro anos. Após sua apresentação, Obama fez sua primeira aparição durante o evento. 

Segundo Clinton, Obama “estabeleceu a fundação para uma economia mais moderna e mais equilibrada” depois de herdar os problemas deixados por George W. Bush (2001-2009). “Quero nomear um presidente que é frio por fora, mas queima por dentro pelos EUA”, disse logo após ser recebido com aplausos.

O tom do pronunciamento de Clinton, que é muito popular nos EUA apesar do escândalo com um charuto e uma estagiária, teve como meta convencer eleitores frustrados com o alto desemprego e a crise econômica que o rival de Obama, o republicano multimilionário Mitt Romney, não é mais qualificado para liderar a recuperação econômica do país por ter uma bem-sucedida experiência empresarial.

Clinton fez seu discurso em um dia em que a maioria dos oradores abordou positivamente as políticas econômicas de Obama, como o pacote de resgate à indústria automobilística após a crise de 2008 e uma lei de apoio aos pequenos negócios, ao mesmo tempo em que relacionou a atuação de Romney como presidente da Bain Capital, firma de serviços financeiros e de gestão de fundos de investimento, como alguém que comprava empresas para levá-las à falência.

Romney foi nomeado oficialmente como candidato durante a Convenção Republicana na semana passada em Tampa, Flórida, evento que reforçou como são diferentes as visões de governo dos dois partidos. Os republicanos querem diminuir o papel governamental, visto como um obstáculo ao empreendimento e à liberdade. Os democratas veem o governo como uma força que pode ajudar os mais humildes, argumentando que as políticas republicanas devolveriam os EUA à recessão por ter como ênfase os mais ricos e não os pobres e a classe média.

Para tanto, Clinton reiterou o mantra que vem sendo repetido na convenção do partido desde terça-feira: ao contrário de Obama e sua ascensão social e política aos moldes do sonho americano - como bem enfatizado pelo discurso de terça-feira da primeira-dama Michelle Obama -, Romney não seria capaz de se conectar com o americano comum e entender os problemas que afligem a classe média do país.

"Se a sociedade desejada é aquela em que você está por sua própria conta e o vencedor leva tudo, você deve votar na chapa republicana. Se o país desejado é aquele de uma prosperidade e responsabilidade compartilhadas, você deve votar em Barack Obama e no (vice-presidente) Joe Biden\", afirmou.

Na terça-feira, a primeira-dama americana não mencionou o candidato republicano nominalmente, mas, durante um discurso cheio de afeto em relação ao marido, traçou um distinção clara entre os dois. “Trabalhar duro importa mais do que a quantidade de dinheiro que se ganha, ajudar os outros significa mais do que só pensar em si mesmo”, afirmou sob aplausos.

No entanto, pesquisas indicam que a reeleição não será um caminho fácil para Obama, cujo primeiro mandato tem 42 meses de desemprego superior a 8%, o período mais longo desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nenhum presidente desde Franklin Roosevelt (1933-1945) na Grande Depressão foi reeleito com indices tão altos.

Controvérsia sobre Deus e Israel

Assim como o encontro republicano em Tampa, a Convenção Democrata é cuidadosamente coreografada para evitar controvérsias. Apesar disso, os democratas foram criticados na terça-feira por adotar uma plataforma que não mencionava Deus ou não se referia a Jerusalém como capital de Israel.

Nesta quarta, vários delegados vaiaram quando o presidente da convenção, o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, aprovou que fossem incluídas na plataforma menções a Deus e a Jerusalém como capital de Israel apesar de um grande número de delegados do partido ter se oposto à medida. Ele convocou três votações antes da decisão. Funcionários da campanha de Obama disseram que o presidente interveio pessoalmente pela alteração.

Apesar da pequena disputa, o tom geral do evento é manter a unidade em relação a Obama para assegurar sua vitória em novembro. Na quinta-feira, o presidente americano aceita oficialmente a nomeação durante um discurso no horário nobre da televisão americana.

Inicialmente previsto Estádio Bank of America, que tem capacidade para quase 74 mil espectadores, o pronunciamento foi transferido para a Time Warner Cable Arena, que tem capacidade para 20 mil, por temores de mau tempo. A mudança assegurou que não se repetirá o cenário extraordinário de 2008, quando Obama aceitou a nomeação em um estádio lotado por 84 mil espectadores em Denver, no Colorado.

*Repórter viaja como bolsista do Wolrd Press Institute


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