O Conselho de Estado - a principal jurisdição administrativa na França - rejeitou nesta terça-feira, dia 30, a proibição da burca e do niqab, já que a medida poderia ser vetada juridicamente, e propôs uma proscrição em determinados lugares e para determinados trâmites.
"O Conselho de Estado considera que uma proibição geral e absoluta do véu integral não teria um fundamento jurídico incontestável", afirma o relatório, entregue ao primeiro-ministro francês, François Fillon.
"Em consequência, o Conselho de Estado opina que a segurança pública e a luta contra a fraude, reforçadas por exigências próprias de determinados serviços públicos, justificariam a obrigação de manter o rosto descoberto em determinados lugares ou para executar determinados trâmites", afirma o Conselho.
O Conselho de Estado elaborou as conclusões a pedido do governo, no final de janeiro, depois da divulgação das recomendações de uma missão parlamentar que propôs a proibição da burca nas administrações e transportes públicos.
O premiê francês pediu então ao Conselho de Estado "soluções jurídicas" para que o Executivo possa apresentar um projeto de lei com a proibição do véu integral mais ampla e efetiva possível.
Na semana passada, o presidente Nicolas Sarkozy confirmou que o governo apresentaria um projeto de lei para proibir o uso da burca.
"O véu integral é contrário à dignidade da mulher. A resposta é a proibição", declarou Sarkozy.
A França, país de forte tradição laica, tem a maior comunidade muçulmana da Europa, com quase 6 milhões de pessoas.
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