As duas caixas-pretas do voo 447 da Air France, que caiu no mar em 31 de maio de 2009 deixando 228 mortos, chegaram nesta quinta-feira (12) a Paris, mas segundo os investigadores da BEA (Escritório de Investigação e Análise, na sigla em francês), levará "ao menos três dias" para saber se o conteúdo está em bom estado.
Localizados no início deste mês em alto-mar, os gravadores que ficaram submersos durante dois anos a 4 mil metros de profundidade foram apresentados à imprensa na sede do escritório francês em Bourget, nos arredores de Paris, e começam a ser analisados ainda na tarde desta quinta pela equipe responsável pela investigação.
Uma das caixas-pretas do voo 447 é apresentada à imprensa durante entrevista coletiva nesta quinta (12), em Paris (Foto: Mehdi Fedouach / AFP)
Os conteúdos das caixas-pretas são fundamentais para elucidar o acidente com o Airbus que caiu no Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris, já que contém a gravação das conversas na cabine da aeronave. O diretor do BEA, Jean-Paul Troadec, disse que exteriormente as caixas-pretas estão em bom estado porque os elementos protetores cumpriram sua função antichoque. O que não quer dizer, afirmou, que o conteúdo seja válido para a investigação, já que o equipamento ficou quase dois anos a 4 mil metros de profundidade.
Troadec também esclareceu que, embora na próxima semana já seja possível saber se o equipamento cumpriu a função de registrar as conversas e dados do voo, não significa que será possível conhecer as circunstâncias do acidente.
É preciso confirmar estes dados, confrontar com outros que temos ou que podemos obter de outras peças que serão recuperadas, disse.
Temos que deixar os investigadores e pesquisadores trabalharem de forma serena, no tempo necessário. Na semana que vem teremos mais elementos, mas não explicações. Não esperem que na próxima semana haja um comunicado sobre o acidente. Ainda falta mais tempo, não queremos dar um prazo. Podem ser vários meses, disse.
O responsável pela investigação, Alain Bouillard, no entanto, sinalizou que não divulgará um comunicado com conclusões sobre o acidente antes do final deste ano, mas se recusou a dar uma data.
Troadec disse que as conversas entre os pilotos não serão divulgadas ao público, mas disse que a possível transcrição fará parte do comunicado final, se for útil à investigação.
Resgate de corpos
Quanto ao resgate de corpos das vítimas, o fiscal-adjunto de Paris, Jean Quintard, disse que a prioridade da investigação é recuperar elementos que sejam úteis para a compreensão do acidente.
Familiares das vítimas tem manifestado o desejo de que os corpos sejam recuperados, para que seja possível identificá-los.
Até agora foram recuperados dois corpos, que estão sendo submetidos a exames de DNA para avaliar se é possível identificá-los.
O estado de conservação dos corpos, que também permaneceram quase dois anos em águas profundas, dificulta o resgate e a identificação. De acordo com a equipe, os exames de DNA são realizados nos ossos dos cadáveres e não é possível precisar se conseguirão identificar as vítimas do voo.
Especialista brasileiro
O Comando da Aeronáutica brasileiro enviou na noite de terça-feira (10) para a França um oficial especialista em abertura e degravação de caixas-pretas para acompanhar na sede do BEA a leitura dos gravadores recuperados em alto-mar.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições