Um cidadão americano de origem coreana foi condenado a passar 15 anos em um campo de trabalho na Coreia do Norte por "atos hostis" contra o regime comunista, anunciou nesta quinta-feira (2) va agência oficial KCNA, em um contexto de tensão diplomática e militar na península coreana.
Pae Jun-ho, cujo nome americano é Kenneth Bae, foi detido no dia 3 de novembro na cidade portuária de Rason (nordeste), com um visto de turista.
Segundo a imprensa sul-coreana, o americano de 44 anos, diretor de uma agência de viagens, viajava com vários turistas e um deles estava com um disco rígido que supostamente continha dados sensíveis.
"O Tribunal Supremo o condenou a 15 anos de trabalhos forçados por este crime", afirmou a KCNA, sem revelar as acusações contra o americano.
O regime anunciara no último fim de semana que Pae Jun-ho, identificado também como Kenneth Bae, enfrentaria um processo na Suprema Corte depois de admitir ter cometido um delito com o objetivo de "derrubar" o país comunista, segundo a versão de Pyongyang.
O americano foi detido em 3 de novembro, após entrar na cidade de Rason, no nordeste da Coreia do Norte, junto com outros cinco turistas, e revelarem-se provas de que ele teria praticado um delito, de acordo com o regime.
A notícia da condenação foi divulgada horas depois de diversos veículos da imprensa terem adiantado a possibilidade de o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter viajar em breve à Coreia do Norte como parte dos esforços para tentar libertar Pae e acalmar a tensão com Pyongyang.
Em 2010, Carter já participou das negociações para libertar Aijalon Mahli Gomes, um americano que fora multado em US$ 600 mil e condenado a oito anos de trabalhos forçados por entrar ilegalmente na Coreia do Norte.
Washington solicitou a libertação imediata de Bae.
"A saúde física dos cidadãos americanos é uma prioridade absoluta para nós. Pedimos à RPDC a libertação sem demora de Kenneth Bae por razões humanitárias", declarou na segunda-feira o porta-voz do Departamento de Estado, Patrick Ventrell.
O governo dos Estados Unidos acompanha a situação com a ajuda da embaixada da Suécia em Pyongyang, que atua nos casos que envolvem cidadãos americanos na Coreia do Norte, pois Washington não dispõe de representação diplomática no país.
Nos últimos anos, o regime de Kim Jong-un deteve vários cidadãos americanos, que em todos os casos foram libertados após longas negociações.
Em agosto de 2009, após uma gestão do ex-presidente americano Bill Clinton, Pyongyang libertou duas jornalistas americanas detidas por entrada ilegal e condenadas a 12 anos de trabalhos forçados.
Em maio de 2011, Pyongyang libertou Eddie Jun Young-su, americano de origem coreana, que fora detido em novembro do ano anterior sob a acusação de proselitismo.