Mais de 20 anos após a execução do ex-ditador Nicolae Ceausescu, o governo da Romênia exumou nesta quarta-feira seu corpo e de sua mulher, Elena Ceasescu, para comprovar a identidade do casal, após um processo judicial de mais de cinco anos.
A coleta dos cadáveres para exame de DNA foi realizada a pedido de Valentin Ceausescu, 62, filho do ex-ditador. Para ele há uma suspeita de que os corpos enterrados não sejam de seus pais.
Nicolae Ceausescu deteve o poder na Romênia durante 25 anos até ser executado na semana do Natal de 1989, durante uma revolução anti-comunista em que mais de mil pessoas morreram.
Durante vários anos grande parte da população suspeitou que os corpos enterrados no cemitério Ghencea, em Bucareste, não fossem realmente do ex-líder e de sua mulher, mortos no dia de Natal -- algo marcante para a memória coletiva da Romênia.
As notícias sobre a exumação pegaram o país de surpresa, na madrugada desta quarta-feira. Oficiais do governo fecharam as tumbas rapidamente quando os jornalistas -- barrados de presenciar a operação -- chegavam ao cemitério.
Uma equipe de patologistas e funcionários do cemitério retiraram os caixões de Ceausescu e sua mulher das tumbas, coletaram amostras e os colocaram em sacos de plástico e enterraram novamente os restos mortais -- um processo que levou mais de duas horas.
MISTÉRIO
"Estamos mais próximos de conhecer a verdade", disse o filho do casal que governou a Romênia, Valentin Ceausescu.
Autoridades do governo disseram que o processo de identificação dos cadáveres pode levar até seis meses.
Ceausescu foi derrubado do poder no dia 22 de Dezembro de 1989, quando os romenos resolveram se levantar contra o regime ditatorial. O líder tentou fugir de Bucareste de helicóptero, mas seu piloto o entregou ao povo.
Após um julgamento sumário, ele e a mulher foram executados no dia 25 de Dezembro de 1989, por um esquadrão de fuzilamento.
Décadas depois, em 2005, a família processo ou ministério de Defesa romeno dizendo que havia dúvidas "consideráveis" sobre a verdadeira identidade dos corpos enterrados como sendo do casal.
O governo brutal do ex-ditador foi sustentado pelo serviço de inteligência Securitate, que tinha um Exército de cerca de 700 mil informantes -- cerca de 1 em cada 20 romenos -- para reprimir dissidentes durante 25 anos de regime.
Perto do fim da era Ceausescu, os romenos sofreram com o racionamento severo em que mesmo as bananas e laranjas tornaram-se artigos de luxo, enquanto o ditador tentava pagar a dívida externa do país.
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