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Em cidade arrasada pelo tsunami, japoneses mantêm esperança

Em cidade arrasada pelo tsunami, japoneses mantêm esperança

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:49

Na tarde da sexta-feira de 11 de março, a equipe de natação da Escola de Ensino Médio Takata andou mais de um quilômetro para treinar no Parque Aquático quase novo da cidade, com vista para a ampla praia de areia da Baía de Hirota.

Essa foi a última vez que alguém viu um deles. E esse tem sido um quadro familiar: na cidade de Rikuzentakata, de 23 mil habitantes, mais de 1 em cada 10 pessoas morreu ou desapareceu desde aquela tarde, quando um tsunami demoliu três quartos da cidade em poucos minutos.     Mais de 20 dos 540 alunos da Escola Takata ainda estão desaparecidas. Assim como o treinador de natação Motoko Mori, 29 anos.

Monty Dickson, 26 anos, de Anchorage, no Alasca, ensinava inglês para alunos do ensino fundamental e médio. Ele também está desaparecido.

A vida continua em Rikuzentakata, tanto quanto a vida pode continuar em um lugar onde 4 em cada 10 habitantes vivem em acampamentos, com suas antigas vidas destruídas. Mas muitos residentes parecem existir em uma espécie de animação suspensa, apegadas a fantasias de um milagre que possa reuni-las com sua família, ainda que à espera do pior.

Futoshi Toba, 46 anos, prefeito da cidade, está entre essas pessoas. Naquela tarde de sexta-feira, ele subiu ao terceiro andar da prefeitura quando a onda caiu sobre o prédio e apagou praticamente tudo, incluindo sua casa. "Eu perdi minha esposa", disse ele em uma conversa no centro de emergência improvisado nas colinas fora da cidade. E calmamente acrescentou: "Talvez".     As estatísticas oficiais indicam que o tsunami matou 775 pessoas em Rikuzentakata e deixou 1,7 mil desaparecidos.

Na verdade, um passeio pelos escombros que vão até a cintura, um terreno de um quilômetro de comprimento e talvez outro de largura, deixa poucas dúvidas de que "desaparecidos" é um eufemismo.

No centro de desabrigados, uma parede foi tomada por rabiscos que pedem ajuda para encontrar amigos e parentes desaparecidos. Fotos impressas em papel comum foram colocadas em uma parede adjacente.

Preces

"Os amigos da creche esperam que você esteja OK", diz a legenda sob uma foto. "Vovó e Vovô, nós estamos rezando por vocês”, diz outra.

Os moradores da cidade dizem que ainda é possível que alguns dos desaparecidos estejam perdidos em um dos mais de 60 centros de desabrigados de Rikuzentakata, onde mais de 9,4 mil cidadãos – ou cerca de 40% da cidade – procuraram abrigo.

Semanas após o tsunami, isso parece difícil de acreditar. Mas em uma cidade que precisa de esperança, as pessoas acreditam assim mesmo.      

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