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Fragmentada, oposição argentina disputa eleição sem perspectivas

Fragmentada, oposição argentina disputa eleição sem perspectivas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:23

O socialista Hermes Binner faz campanha em Buenos Aires em 11 de outubro (Foto: Reuters)

  Com as pesquisas de intenção de voto apontando a reeleição da presidente argentina Cristina Kirchner já no primeiro turno, a oposição no país chega à reta final de uma campanha sem sobressaltos tentando animar a militância e em busca de um papel no novo governo.   Candidato pela principal força da oposição argentina, a União Cívica Radical, o deputado Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989), viu o socialista Hermes Binner, governador da província de Santa Fé, ultrapassá-lo e chegar ao segundo lugar da disputa nas últimas pesquisas de intenção de voto. Alfonsín amarga hoje um desconfortável quarto lugar na corrida eleitoral, segundo as últimas pesquisas, atrás até do peronista opositor Alberto Rodríguez Saa.

O nome de Binner chegou a ser cogitado como vice na chapa de Alfonsín, que preferiu fazer uma aliança com a centro-direita. Na última quinta (13), um grupo de intelectuais, filósofos e escritores argentinos divulgou um abaixo-assinado com cerca de 100 firmas em apoio ao candidato da Frente Amplio Progresista.

Intitulado “Por que apoiamos Hermes Binner”, o texto diz que o “doutor” Binner “reacendeu a esperança de um governo democrático e progressista, honesto e respeitoso do pluralismo político”. “A arbitrariedade e a corrupção na administração dos assuntos públicos são vícios antigo entre nós, mas que se agravaram no contexto atual de bonança econômica”, afirma.

“Até a própria Cristina não conseguiu justificar realmente seu rápido enriquecimento. No entanto, quando a economia é satisfatória para a maioria dos cidadãos argentinos, a corrupção não tem incidência eleitoral”, diz o cientista político argentino Martím D’Alessandro.

Para ele, resta à oposição, diante da iminente reeleição da presidente “reforçar e melhorar seu papel de oposição, apontando os erros, promovendo controles para conter abusos, denunciando os desvios e elaborando melhor seus planos de governo”. “Sobretudo, deve repensar seus planos internos e redefinir sua mensagem ao eleitorado e estratégias com vistas à próxima campanha, ponto em que mais cometeu falhas”, sublinha.

Para além da união em torno de um nome forte, para o professor de relações internacionais da Uerj e da Universidade de Rosario, Williams Gonçalves, faltou à oposição argentina apresentar uma alternativa ao modelo kirchnerista.

“Tive a oportunidade de assistir a uma conferência do Ricardo Alfonsín e o único tópico oposicionista é dizer que vai combater a corrupção. Em termos substanciais, quase fez propaganda do governo da Cristina. Discurso anticorrupção não aperta. Isso depende de controle, fiscalização, não é programa de governo. O que se espera do governo são programas substantivos. Oposição não é questão de nome, mas de programa”, afirma.

Mauricio Macri

Em meio à pulverização da oposição, lembra o sociólogo argentino Hugo Lovizolo, a Argentina viu o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, da direita-liberal, reeleger-se com ampla vantagem em julho. “Macri não demonstrou interesse pela campanha presidencial, precisaria ter uma vida partidária mais nacional”, diz.

Para D’Alessandro, embora tenha se perfilado como um dos principais nomes da oposição argentina, ainda é um incógnita se Macri “poderá armar uma força eleitoral a nível nacional para as eleições presidenciais de 2015”.   Desafios

Mas a “lua-de-mel” de Cristina com o eleitorado não deve durar muito tempo, segundo os especialistas ouvidos pelo G1 . “Cristina vai ter de fazer milagres para continuar com o crescimento econômico. Por outro lado, há a questão do déficit público, os vários subsídios oferecidos pelo governo. Uma família de classe média na Argentina paga cerca de R$ 30 de energia elétrica por bimestre, o ônibus custa 25 centavos de dólar. Como ela vai conseguir continuar bancando esses subsídios é outro problema”, diz Lovizolo.

Na opinião de D’Alessandro, embora os desafios econômicos sejam inegáveis, a disputa política mais importante será como possibilitar um novo mandato para Cristina, hoje proibido pela Constituição. “A sucessão presidencial sempre foi um grande problema na Argentina e a principal disputa no interior do peronismo.”        

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