A França iniciou nesta quinta-feira a deportação dos romas, como são conhecidos na França os ciganos do Leste Europeu, em aplicação do reforço de segurança decidido pelo presidente Nicolas Sarkozy.
Segundo o Ministério do Interior romeno, partem nesta quinta-feira 93 ciganos rumo a Bucareste. Destes, 60 partiram da França do aeroporto de Lyon, no centro-leste do país, na primeira operação desse tipo desde o endurecimento da política francesa em relação a essa minoria.
O grupo de ciganos chegou sob escolta policial ao aeroporto a bordo de dois ônibus e depois pegou um voo regular da companhia romena Blue Air. A França prevê a repatriação, antes do fim do mês, de 700 ciganos em situação irregular para Romênia e Bulgária no âmbito do plano de retorno voluntário a seus países de origem , uma decisão que acentua a polêmica pela política de segurança do governo.
Os deportados foram acolhidos por um programa de ajuda para retorno, que consiste em uma passagem de avião e 300 euros por adulto ou 100 euros por criança . Por causa isso, o governo francês diz que essas são deportações "voluntárias" de imigrantes em situação irregular.
No entanto, as críticas se multiplicam perante a ofensiva lançada pelas autoridades contra os ciganos, cujos acampamentos são desmantelados por todo o país. Recentemente, Sarkozy ordenou ao Ministério do Interior esvaziar e destruir no prazo de três meses a metade das instalações nas quais os ciganos vivem no país.
Em menos de um mês, já foram desmantelalos mais de 50 acampamentos, o último na manhã desta quinta-feira em Isère, sudeste da França. A administração regional divulgou um comunicado informando que foram retirados 100 ciganos em uma operação que "responde às instruções" do ministro do Interior.
Em 2009, 44 voos desse tipo foram organizados e 10 mil romenos e búlgaros foram levados a seus países, segundo as autoridades francesas que reconhecem, no entanto, que as pessoas expulsas, membros da União Europeia (UE), podem voltar à França sem visto e permanecer três meses sem justificação.
Fazem parte da comunidade cigana na França 400 mil pessoas, 95% delas francesas. O restante é formado por ciganos de origem búlgara, romena e de outros países dos Bálcãs, cujo número aumenta constantemente, segundo o governo. Calcula-se que haja 15 mil ciganos em situção irregular na França.
Críticas à medida
A ONU criticou severamente a França por estabelecer uma relação entre imigração e insegurança. Na França, o governo de direita foi acusado pela esquerda de promover um "racismo de Estado".
A Comissão Europeia afirmou na quarta-feira que está acompanhando atentamente a polêmica repatriação de ciganos romenos e búlgaros, aconselhando o governo francês a respeitar as regras sobre a proteção dos cidadãos europeus.
Romênia e Bulgária, de onde são oriundos os 700 ciganos passíveis de repatriação, tornaram-se membros da União Europeia em 1º de janeiro de 2007.
Apesar de posições contraditórias, o governo está convencido de que todo esse tema fortalece Sarkozy frente às eleições presidenciais de 2012, após o escândalo político-financeiro dos últimos meses , protagonizado pelo ministro do Trabalho Eric Woerth e a mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt.
Postado por: Thatiane de Souza
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