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General acusado de crimes de guerra diz que 'defendeu seu país' na Bósnia

General acusado de crimes de guerra diz que 'defendeu seu país' na Bósnia

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:40

O ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia Ratko Mladic, acusado entre outras coisas de genocídio e crimes contra a humanidade, compareceu nesta sexta-feira (3) pela primeira vez ao Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII) em Haia, na Holanda, alegou ter defendido seu país e se recusou a declarar-se culpado ou não das acusações, que qualificou de "odiosas".

Mladic, vestido com um terno e camisa cinzas, permaneceu sentado, visivelmente envelhecido e mais magro, muito diferente do homem que ganhou fama nos anos 1990, quando sempre usava uniforme militar.

O ex-militar, de 69 anos, foi detido em 26 de maio na Sérvia, depois de passar 16 anos foragido.       O ex-general Ratko Mladic diante do tribunal nesta sexta-feira (3) em Haia (Foto: AFP)       Entre as acusações, estão a de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

"Sou o general Ratko Mladic", respondeu quando o juiz perguntou sua identidade.

"Defendi meu povo e meu país, não Ratko Mladic", disse, Mladic, que era o homem mais procurado da Europa.

"Não matei croatas por serem croatas. Estava apenas defendendo meu país", acrescentou o ex-chefe militar.

Mladic é acusado em particular por seu papel no massacre de Srebrenica, o mais grave cometido na Europa desde o fin da Segunda Guerra Mundial, no qual foram assassinados 8.000 muçulmanos.

Vinte mães de vítimas do massacre de Srebrenica assistiram nesta sexta-feira, no memorial de Potocari, a transmissão pela televisão da primeira audiência de Mladic.

"Espero que Deus faça com que queime no inferno", murmurou uma das mães quando Mladic falou pela primeira vez.

"É bom que seja julgado, msemo que tarde. Deveria ter sido levado ao tribunal há muito tempo", declarou à Nura Alispahic.

Mladic se recusou, no entanto, a declarar-se ante o TPII culpado ou não das acusações.

"Você é um pouco mais velho que eu", disse Mladic, de 69 anos, ao presidente do tribunal.

"Gostaria de ler e receber as acusações odiosas que pesam contra mim. Quero ler com meu advogado. Preciso de mais de um mês para avaliar as alegações monstruosas que nunca havia escutado antes", disse em sua primeira audiência no tribunal de Haia.

O ex-general, que foi extraditado na terça-feira de Belgrado para a sede de Haia (Holanda) do TPII, podia solicitar um prazo de 30 dias antes de uma nova audiência sobre a questão.

O presidente do TPII marcou uma nova audiência para 4 de julho, quando a mesma pergunta - culpado ou não - será feita a Mladic.

Mladic é acusado de perseguição, extermínio, assassinato, deportação, atos desumanos e sequestro cometidos durante a guerra da Bósnia (1992-1995), que provocou 100.000 mortes e deixou 2,2 milhões de desabrigados.

"Sou um homem muito doente, preciso de mais tempo para pensar em tudo que se acaba de dizer", declarou o réu no início da audiência.

"Estava em péssimo estado", acrescentou, em referência a sua chegada no centro de detenção do tribunal de Haia, terça-feira, procedente da capital sérvia.

Segundo um de seus advogados, Mladic foi operado e recebeu tratamento de quimioterapia em 2009 por um câncer no sistema linfático. A defesa alegou saúde frágil para tentar adiar a extradição para Haia.

Criado em 1993 pela ONU, o TPII funciona segundo as regras de procedimento e de provas básicas do direito anglo-saxão: a fase preliminar do processo permite à defensa tomar conhecimento dos elementos de prova reunidos pela acusação durante a investigação preliminar.

"Levará alguns meses antes que o julgamento comece porque é necessário que as duas partes se preparem", afirmou à AFP Frédérick Swinnen, conselheiro especial do promotor do TPII, que destacou a complexidade do caso.

O julgamento de Radovan Karadzic, por exemplo, acusado dos mesmos crimes que Ratko Mladic, só começou em outubro de 2009, apesar da detenção ter acontecido em Belgrado em julho de 2008.          

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