Prêmio foi concedido ao dissidente Liu Xiaobo, que está preso
Enquanto o comitê do Nobel se prepara para dar o prêmio da Paz para o dissidente chinês Liu Xiaobo, o governo da China age para deter e restringir liberdades de aliados e simpatizantes do ativista, que cumpre pena de 11 anos de prisão.
Liu, que está em uma prisão no nordeste da China, não receberá o prêmio pessoalmente. A cerimônia do Nobel será realizada nesta sexta-feira, em Oslo (Noruega).
Nas últimas semanas, a China tem realizado um ampla campanha para desmerecer o prêmio concedido ao dissidente. A ONU diz ter relatos de que o governo chinês deteve pelo menos 20 ativistas, além de tentar impedir o trabalho da mídia ocidental.
Também foram noticiados pelo menos 120 casos de prisão domiciliar, restrições a viagens, cortes de acesso a telefone e internet, realocação forçada de pessoas e outros atos tidos como tentativas de intimidação por parte da China.
O repórter da BBC em Pequim Damian Grammaticas, que está em frente à casa de Liu, afirma que guardas uniformizados e à paisana estão fazendo a guarda da residência. A mulher do dissidente, Liu Xia, está em regime de prisão domiciliar.
Dos cerca de 50 países convidados para a cerimônia do Nobel da Paz, quase um terço não deverão comparecer - entre eles, Rússia, Arábia Saudita e Paquistão. Muitas das ausências são consideradas um resultado da pressão do governo chinês.
A Sérvia, após ter comunicado que não participaria, voltou atrás e deve enviar um representante a Oslo. A decisão do país, que mantém fortes relações com a China, se deve a uma pressão da União Europeia (UE) e de grupos políticos internos.
Manifesto e prisão
Liu Xiaobo, 54 anos, foi preso em dezembro de 2009 devido a sua participação no manifesto Carta 08, que pedia mudanças políticas no país.
O manifesto, assinado por 300 acadêmicos, artistas, advogados e ativistas, pedia uma nova Constituição, um poder judiciário independente e liberdade de expressão. Liu cumpre pena de 11 anos, sob a acusação de "subverter o poder".
Antes disto, o Nobel da Paz já havia sido preso por participação nos famosos protestos da Praça da Praz Celestial em Pequim, em 1989, e por criticar em público o sistema político de partido único chinês.
Nobel x China
Esta será a primeira vez desde 1936 que o prêmio Nobel da Paz, no valor de US$ 1,5 milhão não será entregue pessoalmente.
Segundo o repórter da BBC para assuntos internacionais, Mike Wooldridge, o comitê do Nobel pretende enviar uma mensagem à China - de que o país, apesar do seu crescente poder econômico e político, não pode abandonar os direitos humanos.
Por outro lado, a China afirma que o comitê escolheu dar o prêmio a um criminoso condenado pela lei chinesa somente para servir aos interesses de alguns países ocidentais.
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