As sanções atrasaram o programa nuclear do Irã, dando às grandes potências mais tempo para persuadir Teerã a mudar de rumo, disse na segunda-feira a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton.
"A análise mais recente indica que as sanções estão funcionando. Devido a elas, o Irã está tendo muito mais dificuldade em concretizar sua ambição nuclear", disse Hillary em Abu Dhabi, onde se encontra em visita oficial.
"O Irã teve problemas tecnológicos que o obrigaram a atrasar seu cronograma, de modo que vemos alguns problemas no Irã. Mas a verdadeira questão é como poderemos convencer o Irã de que buscar armas nucleares não o deixará mais forte e seguro, mas exatamente o contrário. Temos tempo, mas não muito tempo."
O Irã alega que seu programa de energia nuclear tem finalidades exclusivamente pacíficas. Washington já declarou que todas as opções estão na mesa, incluindo a militar, quando se trata de impedir o Irã de se nuclearizar.
Analistas dizem que Israel, que acredita-se ser uma potência nuclear, pode lançar um ataque militar contra locais iranianos num esforço para frear o programa nuclear de Teerã.
As declarações de Hillary foram feitas após uma avaliação recente do chefe do serviço de inteligência israelense, Mossad, que está deixando o cargo, de que o Irã não poderá construir uma bomba atômica antes de pelo menos 2015. Alguns analistas disseram que seu pronunciamento pode solapar a campanha liderada pelos EUA para aumentar as pressões sobre Teerã.
A declaração de Hillary foi o primeiro reconhecimento público por parte dos EUA de que o projeto nuclear iraniano sofreu atrasos.
O Irã enfrenta sanções da ONU, dos EUA e europeias que visam terminar com suas atividades de enriquecimento de urânio e colocar suas atividades nucleares sob supervisão plena.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU --Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China--, além da Alemanha, devem reunir-se com o Irã este mês em Istambul para uma segunda rodada de conversações sobre o programa nuclear iraniano.
Hillary reiterou que o Irã tem o direito de ter programas de energia nuclear pacífica, mas disse que a comunidade internacional, e especialmente os vizinhos do Irã, precisam insistir que o país abandone qualquer tentativa de construir armas atômicas.
"Se o Irã obtiver uma arma atômica, você também não pensará que também precisa de uma? Será uma corrida armamentista extremamente perigosa. Assim, é do interesse primeiramente da própria região persuadir o Irã a não buscar dotar-se de armas nucleares", disse ela.
A secretária, que está no Golfo buscando exortar os vizinhos do Irã a intensificar a implementação das sanções contra Teerã, repetiu que é importante manter as restrições em funcionamento e acusou o Irã de incentivar discursos de guerra em toda a região, para desviar as atenções de seus trabalhos nucleares.
"Estou ciente dos discursos e acho que, infelizmente, eles estão sendo criados para finalidades muito cínicas", disse ela, citando o que afirmou serem esforços para desestabilizar o Líbano e semear mais discórdia entre Israel e os palestinos.
Governos árabes do Golfo compartilham os receios dos EUA de que o Irã possa tornar-se um país nuclearizado. Eles se preocupam com a influência iraniana crescente na região, por meio do apoio dado por Teerã ao grupo xiita libanês Hezbollah e o grupo islâmico palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
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