Em seu primeiro discurso como novo presidente da França, realizado em Tulle, François Hollande disse estar “orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança”. "Prometo ser o presidente de todos", completou o socialista, que ainda garante que será o presidente “normal”, evitando protocolos e conservando seus hábitos de cidadão francês.
"Vocês são muito mais do que um povo que quer mudar, são um movimento que começa a se levantar em toda a Europa e talvez em todo o mundo para promover nossos valores, nossas aspirações e nossas exigências de mudanças”, disse também o presidente eleito.
O Ministério do Interior da França encerrou oficialmente as eleições presidenciais, que apontam vitória apertada de Hollande: 51,7% dos votos, enquanto Nicolas Sarkozy foi o preferido de 48,3% dos eleitores. A vitória do socialista, no entanto, já fora reconhecida pelo rival antes do término da apuração.
"A Europa nos observa. No momento em que o resultado (das eleições) foi proclamado, estou seguro que em muitos países europeus se sentiu um alívio, uma esperança, a ideia de que a austeridade não pode ser uma fatalidade”, acrescentou Hollande.
A campanha eleitoral francesa esteve marcada por questões como imigração, segurança nas fronteiras e pela crise financeira, que castiga duramente países como Espanha, Itália, Portugal e Grécia. Por isso a União Europeia aguardava com enorme interesse o resultado das eleições francesas – frente ao severo plano de austeridade executado por Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel, Hollande afirmou que o rigor fiscal deve vir acompanhado de políticas que favoreçam o crescimento econômico.
Mudanças
Para especialistas, Hollande mudará significativamente os rumos econômicos da França. Isso porque o socialista tem posições divergentes das de Sarkozy. Enquanto Nicolas Sarkozy segue um plano mais recessivo, cortando gastos do governo e levando a austeridade fiscal a níveis elevados, o futuro governante defende, principalmente, uma tributação maior dos ricos. Mas ele deverá aumentar a carga tributária e impor políticas de crescimento econômico e distribuição de renda sem comprometer a evolução do déficit da dívida”, disse ao G1 Cristina Helena Pinto de Mello, economista da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.
Para Antonio Carlos Alves dos Santos, Coordenador do curso de Economia Internacional da PUC-SP, “equacionar austeridade fiscal e crescimento econômico é o que não só os cidadãos da França esperam, mas também o que os cidadão europeus de modo geral desejam”.
Santos também destaca alguns desafios políticos, como obter maioria parlamentar nas eleições legislativas de 10 e 17 de junho (que indicam quem será o primeiro-ministro), unificar a França e manter as boas relações com a chanceler alemã Angela Merkel, que defende as mesmas posições austeras de Sarkozy. “Sem os dois países em comunhão, não há União Europeia”, analisa o economista.
Cumprimentos
O presidente dos EUA, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, já cumprimentaram o novo presidente francês e o convidaram para uma visita. A presidente Dilma Rousseff também parabenizou Hollande: "Estou segura que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais – dentre eles o G20 – que permitam inverter as políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado, infelicitaram o Brasil e a maioria dos países da América Latina", disse em comunicado oficial.
Perfil
Aos 57 anos, Hollande nasceu em uma família de Ruan, no noroeste da França, filho de um médico e de uma assistente social. Estudou na ENA, prestigiada escola de administração e berço da elite política francesa. Lá, conheceu aquela que foi sua companheira por 25 anos e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal – derrotada pelo próprio Nicolas Sarkozy nas eleições de 2007.
Fascinado pela figura política do presidente François Mitterrand, eleito em 1981, começou a colaborar com ele escrevendo "notas". Aos 26 anos, assumiu o desafio de se candidatar às eleições legislativas no reduto eleitoral do então futuro presidente Jacques Chirac.
Hollande é um político moderado de centro-esquerda, cuja campanha se baseia no compromisso de eliminar o déficit público da França até 2017, elevando impostos, principalmente dos ricos, para financiar gastos públicos prioritários em áreas como a educação. O primeiro socialista a governar o país em 17 anos será reduzir o próprio salário em 30 por cento
Eleições no Brasil
Entre os 4.624 eleitores franceses residentes no Brasil que participaram à distância das eleições francesas, 53% votaram em Nicolas Sarkozy, enquanto François Hollande recebeu 46,9% dos votos, segundo dados da Embaixada da França no país.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições