O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, afirmou nesta terça-feira que Brasil e Turquia foram traídos pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e pelos Estados Unidos, que ignoraram o acordo nuclear tripartite sobre o programa nuclear iraniano.
"O que os EUA e o Conselho de Segurança fizeram foi um insulto. [Brasil e Turquia] receberam uma missão e depois os traíram. Brasil e Turquia têm todo o direito de estar zangados", afirmou Larijani, em um encontro com a imprensa em Genebra.
O presidente do Parlamento iraniano participa nesta semana da terceira Conferência Internacional de Presidentes de Parlamentos, organizada pela União Interparlamentar.
Segundo Larijani, o próprio presidente americano, Barack Obama, entregou uma carta dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, na qual pedia a intermediação de ambos com o Irã.
"Eles próprios [Lula e Erdogan] me disseram pessoalmente. Me disseram que Obama lhes disse que queria começar uma nova etapa, que deixaria para trás o método do Conselho de Segurança. Nós aceitamos e depois todo mundo sabe o que aconteceu, foi um insulto para os três países", disse Larijani.
Em 17 de maio, Brasil, Irã e Turquia assinaram um acordo no qual Teerã comprometeu-se a trocar em território turco 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 kg de combustível processado a 20% para alimentar seu reator de pesquisas médicas de Teerã.
Os termos são similares ao projeto discutido entre o Irã e as potências do P 5+1 (os cinco países do Conselho de Segurança --Reino Unido, China, França, Rússia, EUA-- e Alemanha), em outubro do ano passado. O acordo tripartite, contudo, não impede Teerã de manter o enriquecimento em seu próprio solo --uma das grandes exigências das potências.
O acordo chegou a ser celebrado pelos países, mas, diante da insistência de Teerã de enriquecer urânio em seu território, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma nova rodada de sanções contra seu programa nuclear.
"Que tipo de lei internacional é essa que pune um país quando ainda não cometeu nenhum crime?", perguntou Larijani, ao insistir que o Irã só quer enriquecer urânio com fins civis.
"A mais recente resolução da ONU terá o mesmo sucesso que as três anteriores em sua intenção de mudar o programa nuclear do Irã", declarou.
Larijani também falou ainda de "dois pesos e duas medidas" nas atitudes da comunidade internacional em relação ao Irã, especialmente de Washington.
"O regime sionista [Israel] conta com 300 ogivas nucleares e não vejo os Estados Unidos levando o caso ao Conselho de Segurança", comparou.
Israel, grande aliado dos EUA na região, não é signatário do Tratado de Não Proliferação, ao contrário do Irã. O país mantém uma política nuclear de ambiguidade, sem confirmar ou negar que tenha um programa militar nuclear. Analistas estimam, contudo, que o país tenha ao menos 300 ogivas prontas.
O presidente do Parlamento iraniano também comentou as recentes declarações do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, segundo o qual o Irã deve ter coragem para uma cooperação mais estreita com a comunidade internacional sobre seu programa nuclear.
"Me oponho ao que Medvedev disse. A realidade conhecida por todo o mundo é que nós não contamos com armas nucleares. Não há porque expressar preocupação por algo que não existe e que todos conhecemos", afirmou Larijani, para quem com Vladimir Putin, ex-presidente e atual primeiro-ministro russo, as relações entre Irã e Rússia fluíam melhor.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições