Veja imagens da tragédia no HaitiVoluntários resgatam ferido em terremoto de L´Aquila, na Itália, em 2009; administrador regional diz que Haiti deve centralizar esforços de reconstrução
L´Aquila, Itália. Cidadezinha de 70 mil habitantes devastada por um terremoto de 6,7 graus na escala Richter em 5 de abril de 2009. Mortos: 300. Reconstrução já dura 9 meses e só terminará daqui a dez anos.
Porto Príncipe, Haiti. Capital com 3 milhões de habitantes em sua região metropolitana, devastada por um terremoto de 7 graus na escala Richter em 12 de janeiro de 2010. Mortos: de 150 mil (número parcial) a 200 mil (segundo estimativas de membros do governo haitiano). Reconstrução ainda não começou.
A breve comparação entre o povoado italiano e a capital do Haiti mostra o tamanho do desafio que o país caribenho enfrentará para se reerguer. Desafio esse que o diretor geral da Província de L´Aquila, Giovanni Di Pangrazio, já enfrentou.
Pangrazio disse ao R7 que o Haiti precisará de um "supercoordenador" dos esforços de resgate e reconstrução para dar conta da tarefa:
''Se não houver um supercoordenador, o Haiti vai sofrer com a confusão. Uma pessoa ou uma força precisam coordenar todos os esforços''.
O político explica que, em L´Aquila, essa coordenação centralizada ficou a cargo da Defesa Civil e afirma que, mesmo assim, a reconstrução da cidade ainda levará mais dez anos:
''Toda a coordenação de resgates e reconstrução inicial foi feita pela Defesa Civil. Essa centralização foi muito importante para que os esforços fossem efetivos. Mas, no centro histórico, em que os prédios ficam muito grudados e precisam de restauração, ainda vamos gastar dez anos''.
No Haiti, a falta de coordenação entre os países e agências doadoras está fazendo com que a ajuda humanitária se acumule no aeroporto de Porto Príncipe, capital do país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez a denúncia na semana passada, apontando dificuldades na distribuição e no armazenamento dos mantimentos que chegam por lá.
Haiti conta com mais ajuda internacional
Se a tragédia no Haiti tem se mostrado muito mais devastadora do que aquela que atingiu L´Aquila, o país caribenho conta com pelo menos uma vantagem: a ajuda internacional. Só a União Europeia já anunciou que doará R$ 1 bilhão para os esforços de resgate e reconstrução. O Haiti conta ainda com a providencial proximidade dos Estados Unidos, o que garante acesso mais fácil à ajuda, e com a atenção da ONU, que já mantinha tropas de paz na região.
O cenário em L´Aquila foi diferente. Pangrazio afirma que a cidade não recebeu ajuda financeira direta da União Europeia (UE), mas que governo italiano, bem como outras províncias do país, enviaram recursos:
''Não recebemos diretamente nenhuma ajuda financeira da União Europeia. Eles apenas mobilizaram parte da Defesa Civil para os resgates. O Estado italiano é que está financiando a reconstrução, assim como empresas particulares e os governos de outras províncias''.
Vale lembrar que o primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, não foi exatamente receptivo à ajuda internacional. Ao visitar L´Aquila um dia após a tragédia de 2009, o político agradeceu a solidariedade demonstrada por outros países, mas disse que a Itália não precisava de ajuda financeira.
Pangrazio afirma que a economia de L´Aquila foi afetada pelo terremoto, embora não saiba precisar números:
''O turismo da cidade foi afetado porque as igrejas mais lindas e históricas da Itália foram destruídas ou danificadas''.
Segundo as primeiras estimativas das agências de ajuda internacional, Porto Príncipe precisará de no mínimo dez anos para colocar todos os seus habitantes em casas adequadas. Tempo longo demais para uma cidade europeia como L´Aquila, e ainda mais longo para a capital do país mais pobre do Hemisfério Ocidental.
Por Lucas Bessel e Alessandra Siedschlag
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