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Merkel diz que Dilma promete ajudar a refinanciar o FMI

Dilma promete ajuda para refinanciar o FMI

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:15

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta terça-feira ter recebido garantias da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil participará de uma recapitalização do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que por sua vez poderia ajudar a reforçar os fundos anticrise para a zona do euro.

As duas líderes disseram a repórteres depois de uma reunião na feira de tecnologia Cebit, em Hanover, na Alemanha, que discutiram as preocupações de Dilma de que uma enxurrada de dinheiro barato das nações industrializadas, incluindo as operações de liquidez do Banco Central Europeu (BCE), prejudicava países como o Brasil por levar a uma apreciação de suas moedas.

Merkel disse que tranquilizou Dilma de que essas eram apenas medidas temporárias destinadas a ajudar as reformas da zona do euro a fim de enfrentar a crise da dívida. O Brasil tem pedido que a Europa estabilize o euro antes que o FMI possa aumentar seu próprio capital e libere mais fundos para países em dificuldades da zona do euro, como a Grécia.

Angela Merkel e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, assinaram nesta terça-feira (6) um livro de ouro digital, o livro de visitantes, no estande da Microsoft durante visita à Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, a Cebit, em Hannover, um dos maiores eventos do mundo de computadores para as inovações digitais e tendências. O evento acontece no norte da Alemanha e vai até o dia 10 de março.

Exlusão digital

Durante a abertura oficial, que aconteceu nesta segunda-feira (5), a presidente Dilma Rousseff disse em discurso que a exclusão digital amplia a desigualdade social. Ao lado de Angela Merkel, ela assistiu ao discurso de abertura da feira, pronunciado pelo presidente do conselho de administração do Google, Eric Schmidt, e a uma apresentação do músico brasileiro Carlinhos Brown, que recentemente perdeu a disputa pelo Oscar - ele concorria com a canção do filme de animação "Rio". Depois, discursou.

"A exclusão digital, das tecnologias da informação, acentua as desigualdades já existentes. [...] O Brasil fez opção clara nos últimos anos por universalizar o acesso à tecnologia", afirmou Dilma. Segundo ela, os benefícios decorrentes do desenvolvimento das tecnologias da informação não podem ser "privilégio de poucos".

A presidente brasileira destacou no discurso a ascensão à classe média de camadas da população que antes viviam na pobreza. "Pela primeira vez na história do meu país, mais da metade dos 190 milhões de brasileiros pertencem à classe média. Essa grande mobilidade social tem impacto direto no uso das tecnologias", declarou.

Ela citou dados sobre o mercado de tecnologia no Brasil e afirmou que é preciso ampliar os investimentos na área. Segundo Dilma, "o ano de 2012 será especialmente promissor" em relação à área de tecnologia.
"Até dezembro, por meio do programa nacional de banda larga, ativaremos uma rede de fibra ótica que chegará às nossas 27 capitais e cobrirá metade da população brasileira. Licitaremos em maio as faixas necessárias para implantação do telefone móvel de quarta geração. Operaremos nessa faixa já em 2013 nas sedes da Copa de 2014", declarou.

Dilma citou ainda o programa Ciência Sem Fronteira, que prevê bolsas de estudo para brasileiros em universidades estrangeiras. Ela disse esperar uma "parceria" com a Alemanha para garantir mais bolsas.

Crise europeia

Após a participação na feira, a presidente brasileira, acompanhada por uma comitiva de cinco ministros, falará sobre a crise europeia com Merkel. Também abordarão temas como a cúpula de desenvolvimento sustentável da ONU Rio+20, que será realizada no Brasil em junho, e assuntos de interesse bilateral, segundo uma mensagem oficial.

A presidente do Brasil, sexta economia do mundo, acusa os países ricos de gerar um "tsunami monetário" ao tentar sair da crise com medidas que inundam os mercados de dinheiro e prejudicam as economias em desenvolvimento.

Mais cedo, Dilma voltara a criticar a "política monetária expansionista" dos países desenvolvidos. Disse que a "massa monetária" produzida gera "bolha" e "especulação" e que o Brasil tomará "todas as medidas" para se proteger.

“Eu reconheço que [a política cambial] é um mecanismo de defesa, mas você ganha tempo só. O que o Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. [...] Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger", afirmou a presidente a jornalistas em Hannover, no lobby do hotel Luisenhof.

Ao discursar na feira, após a fala de Dilma, a chanceler alemã disse que terá a "oportunidade" de conversar com a colega brasileira sobre a crise econômica financeira global.

"A presidente Dilma citou tsunami de liquidez, manifestou sua preocupação. Temos de olhar para medidas protecionistas unilaterais. Penso que a confiança é o caminho que devemos trilhar para sair da crise. (...) Nós, europeus, ficamos conscientes do fato de que temos que olhar além das nossas fronteiras", declarou. Segundo ela, "as consequências da crise internacional são consequências da crise do endividamento". Para a chanceler alemã, é preciso criar regras que resultem numa "política orçamentária estável e sólida".

Nesta sexta-feira (2), Merkel já havia afirmado que entende as críticas feitas por Dilma. "De certa maneira, eu entendo as dúvidas dela. É por isso que vou tentar dizer a ela que planejamos perseguir reformas desta vez, que nós certamente não vamos adotar medidas semelhantes de novo", declarou.

A reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras questões de política externa, como a crise na Síria, a Palestina e o Irã, também deverão ser debatidas por Dilma e Merkel. "A presidenta vai reafirmar aquilo que é próprio da política externa brasileira, que é a busca de soluções negociadas, diplomáticas, mesmo quando essas soluções parecem muito difíceis", disse o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

A feira

O Brasil é apresentado pelos organizadores da feira Cebit como um "campeão escondido" do mundo das altas tecnologias. Grandes empresas da economia brasileira, como a construtora aeronáutica Embraer, Stefanini (serviços informáticos) e a Telebras (comunicações) estão entre as participantes do salão. É a primeira vez que um país da América Latina é convidado oficial no salão de Hannover.

Sob o slogan "Managing Trust - Confiança e segurança no mundo digital", a feira se propõe neste ano a atrair os profissionais que combatem a perda ou a pirataria de dados e pessoas que querem proteger sua vida privada.

O número de expositores aumentou 2% neste ano, passando a 4.200, e empresas que haviam deixado de participar estão retornando ao encontro, afirmaram os organizadores, citando o exemplo da Samsung e da Sharp. O Cebit 2012 é realizado até o dia 10 de março.

Nesta terça (6), Dilma visitará as instalações das empresas tecnológicas brasileiras que participam da feira de Hannover, após o qual retornará a Brasília, segundo fontes oficiais brasileiras.

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