O monitor de radiação trabalha discretamente em Anaheim, na Califórnia, em um pequeno terreno cercado atrás de uma escola localizada em um beco sem saída. A máquina que fareja o ar para avaliar se a precipitação radioativa do Japão atingiu o sul da Califórnia é uma caixa cinza de cerca de 1 metro de altura e 60 centímetros de largura.
A coisa mais notável é o quão banal é essa caixa. Algumas outras máquinas ficam no topo de postes de metal medindo constantemente a poluição do ar. Os pontos pretos no filtro são um lembrete de que o ar do sul da Califórnia nunca é puro. Enquanto as autoridades têm tomado cuidado para tranquilizar os moradores de que a nuvem de ar irradiado do Japão não será forte o suficiente para causar danos, é impossível ignorar a ameaça invisível. Portanto, cabe aos cientistas que observam esse tipo de operação na Costa Oeste fornecer as primeiras informações sobre a radiação que chega aos Estados Unidos.
Uma zona redonda branca no monitor de radiação coleta o ar durante todo o dia e envia relatórios a cada hora às autoridades de todo o país. As medições são exibidas em uma variedade estonteante de números em uma tela, mas ninguém fica exposto aos riscos para obtê-las. Em vez disso, as máquinas funcionam sozinhas e os cientistas analisam os dados a quilômetros de distância.
"Antigamente, nesse tipo de situação, alguém tinha de vir aqui em um intervalo de poucos minutos para medir a radiação com um kit de amostragem. Agora isso é feito basicamente sem a necessidade da presença de uma pessoa", disse Philip Fine, gerente de medições atmosféricas do Gerenciamento da Qualidade do Ar do Distrito Sul da Califórnia, que administra três monitores de radiação na região. Enquanto ele falava, sua voz era abafada pelos gritos de crianças em um parque nas proximidades.
Reclamações
Apesar de oficiais públicos terem dito inúmeras vezes que não há motivo para preocupação, o Departamento Estadual de Saúde abriu uma linha telefônica para informações nos últimos dias e tem recebido centenas de ligações diariamente de pessoas preocupadas com a radiação.
Oficiais do governo também alertaram às pessoas contra a tomada de iodeto de potássio, que pode proteger a glândula tireóide da exposição à radiação, porque disseram que o composto não funciona preventivamente e pode causar efeitos colaterais negativos. "Eu acho que o maior impacto de saúde é o impacto psicológico", disse Jonathan Fielding, diretor do Departamento de Saúde do Condado de Los Angeles. "Sempre que as pessoas ouvem a palavra 'radiação' ela evoca um medo que é desproporcional à ameaça real".
Fine também parece estar levando a ameaça como algo distante, enfatizando que o aparelho - conhecido como Monitor Radnet - pode ser muito sensível em suas imediações. Assim, caso, por exemplo, uma pessoa que acabou de passar por tratamento com radiação passe ao seu lado e espirre, um aumento de radiação pode ser detectado.
Existem mais de 100 monitores nos Estados Unidos, cerca de uma dúzia deles na Califórnia. Cada um deles envia dados para a Agência de Proteção Ambiental, que tem um laboratório no Alabama para analisar os números.
Além dos EUA, China e Coreia do Sul detectaram radiação vinda do Japão. Nos EUA, Alabama, Califórnia, Pensilvânia, Massachusetts, Havaí, Idado, Nevada, Washington e territórios como Ilhas Mariana do Norte e Guam disseram ter dectado índicios de radiação na água da chuva.
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