O futuro do mundo árabe, agora entre a revolta e o desprezo por uma ordem em colapso, foi disputado nas ruas do Cairo na quarta-feira.
Dezenas de milhares de manifestantes que reimaginaram a própria noção de cidadania em uma tumultuada semana de desafios proclamaram com paus, bombas caseiras e uma chuva de pedras que não renderiam a sua revolução nem mesmo a todo o peso de um governo autoritário, que respondeu aos seus pedidos de mudança com violência.
O mundo árabe assistiu a um momento que sugeriu que nunca mais será o mesmo e esperou para ver se o protesto ou a repressão sairia vitoriosa. Palavras como revolta e revolução apenas sugerem a dimensão dos eventos no Egito, que já repercutiu em lugares como Iêmen, Jordânia, Síria e até mesmo Arábia Saudita, oferecendo um novo modelo para mudança em uma região que por muito tempo cambaleou na sua própria estagnação.
Por anos, especialistas previram que os islâmicos seriam a força que derrubaria governos em todo o mundo árabe. Mas, até agora, foram confrontados por uma demonstração de dissenso popular que mantém uma mensagem de união, ainda que fugaz em si mesma uma mudança radical no panorama político da região. No amplo panorama da Praça Tahrir, na quarta-feira, os egípcios estavam posicionados em barricadas improvisadas, desmentindo qualquer menção de menosprezo ao poder das ruas árabes.
"A rua já não tem medo dos governos", disse Shawki Al-Qadi, um legislador da oposição no Iêmen. "É o contrário. Os governos e suas forças de segurança estão com medo do povo agora. A nova geração, a geração da internet, é destemida. Eles querem seus direitos, e querem a vida, uma vida digna".
Poder
O poder da manifestação de quarta-feira é que transformou essas abstrações em realidade. De uma cobertura minuto a minuto nos canais de língua árabe até conversas do Iraque ao Marrocos, o Oriente Médio assistiu sem fôlego o momento mais convincente que qualquer outro no mundo árabe em uma vida. Pela primeira vez em uma geração, os árabes parecem estar olhando para o Egito de novo em busca de liderança e essa sensação de destino foi percebida durante todo o dia.
"Eu digo ao mundo árabe para ficar conosco até conquistarmos a nossa liberdade", disse Khaled Yusuf, um clérigo de Al Azhar, instituição de ensino religioso antes estimada e que agora é controlada pelo governo egípcio. "Quando o fizermos, iremos libertar o mundo árabe".
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