Os serviços de segurança de Mianmar se preparam para a libertação iminente da líder opositora Aung San Suu Kyi, símbolo da dissidência à junta militar, poucos dias depois de eleições parlamentares muito criticadas pelos países ocidentais.
A condenação de 18 meses de prisão domiciliar, que a vencedora do Nobel da Paz em 1991 cumpre atualmente, a última de uma longa série de punições, chega ao fim no próximo sábado.
As informações, tanto de fontes do governo que pediram anonimato como de pessoas ligadas a Suu Kyi, apontam para a libertação daquela que há mais de 20 anos simboliza a resistência democrática pacífica em Mianmar.
O filho mais novo dela, Kim Aris, de 33 anos, que vive na Grã-Bretanha e que não vê a mãe há 10 anos, está em Bangcoc para tentar obter um visto.
Fontes oficiais afirmaram que estão preparando a libertação, mas a ordem de soltura deve ser divulgada apenas no último minuto.
A libertação da opositora acontecerá poucos dias depois das primeiras eleições no país em 20 anos, celebradas no último domingo.
Os países ocidentais e a oposição criticaram o processo e denunciaram fraudes. Mas o partido ligado à junta militar que governa o país ignorou a censura internacional e alegou ter recebido 80% dos votos para as futuras assembleias nacionais e regionais.
Há alguns meses, analistas consideram que o regime comandado pelo generalíssimo Than Shwe terminará libertando Suu Kyi, que foi mantida afastada das eleições.
Mas também lembram que o homem forte da junta, que detesta a dissidente, a libertou duas vezes antes de determinar sua prisão novamente.
Em maio de 2009, Suu Kyi estava prestes a ser libertada quando um americano conseguiu nadar até sua casa em Yangun, às margens de um lago. Em agosto do mesmo ano, ela foi condenada a mais 18 meses de prisão domiciliar.
Às vésperas da eventual libertação, Suu Kyi está politicamente mais isolada do que nunca. A vitória eleitoral de 1990 de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND), parece cada vez mais longe.
O resultado da votação de 20 anos atrás nunca foi reconhecido pelo regime ditatorial, e a líder opositora passou 15 dos últimos 20 anos privada da liberdade.
Mas a vitória deu legitimidade a Suu Kyi em Mianmar e no exterior. O principal objetivo da junta militar nas eleições de domingo era tentar reduzir esta legitimidade.
Suu Kyi boicotou as eleições, assim como a LND, que foi oficialmente dissolvida. Em tais condições, o futuro político da dissidente é incerto.
Em outro problema para o governo, a junta militar acusou de "terroristas", que cometeram "atos subversivos para perturbar a estabilidade do Estado", os rebeldes da etnia Karen que enfrentaram o Exército no leste do país.
Os combates provocaram a fuga para a Tailândia de 20 mil pessoas. Quase todas já retornaram, mas a tensão persiste em um país onde muitas minorias étnicas não têm uma relação pacífica com o governo central.
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