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Nobel da Paz diz a multidão no Egito que "não dá para voltar atrás"

Nobel da Paz diz a multidão no Egito que "não dá para voltar atrás"

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:58

Segurando um simples alto-falante, sem nenhuma infraestrutura, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei discursou neste domingo (30) à multidão concentrada no centro do Cairo. Um dos líderes da oposição disse que “não dá para voltar atrás” e que as manifestações, que já deixaram mais de cem mortos, devem continuar até que se consiga a queda do regime de Hosni Mubarak, que há 30 anos controla o país.

Segundo transmissão de trechos do discurso pela rede Al Jazeera, ElBaradei disse à multidão que os protestos são somente “o começo do fim”.

- Nós temos uma demanda chave, que é a saída do regime e o começo de uma nova era. O que nós começamos não dá para voltar atrás.

ElBaradei, que voltou ao Egito nesta semana, se tornou o principal líder da oposição egípcia, dividida entre a classe média pró-Ocidente e a Irmandade Muçulmana, partido radical islâmico posto na clandestinidade por Mubarak. Os dois grupos tem se juntado nas ruas, nas manifestações contra o regime.

ElBaradei pede a Mubarak que deixe o Egito

Mais cedo, o diplomata disse à rede de TV CNN que se Mubarak “quer salvar sua pele, se ele tem o mínimo de patriotismo”, ele o “aconselha a sair hoje do país e salvar o Egito”.

- O próximo passo, como todos concordam, é um período de transição e um governo de salvação nacional, de unidade nacional, que prepare o terreno para uma nova Constituição e eleições livres e justas.

O Prêmio Nobel, ex-diretor da AIEA (agência nuclear da ONU) também criticou o apoio velado dos Estados Unidos ao regime de Mubarak, um histórico aliado dos americanos na região, em entrevista à CBS.

- É melhor o presidente [Barak] Obama não mostrar que ele será o último a dizer ao presidente Mubarak: “Chegou a hora de sair”.

ElBaradei disse ainda que o “Egito precisa se juntar ao resto do mundo, precisa ser livre, democrático e uma sociedade onde as pessoas tenham o direito de viver em liberdade e dignidade”.

Onda de protestos pede fim do regime

Inspirado na chamada Revolução de Jasmim, que derrubou o governo da Tunísia na última semana, os egípcios estão há seis dias nas ruas, pedindo a saída de Mubarak do poder. Mais de cem pessoas morreram, vítimas da repressão do regime.

Mubarak governa o país há 30 anos. Acuado pelos protestos, ele nomeou neste sábado, pela primeira vez desde 1981, um vice-presidente, Omar Suleiman – um aliado antigo e chefe do serviço de inteligência do regime. Também indicou um novo primeiro-ministro, Ahmed Shafiq.

A oposição a Mubarak é dividida em dois grandes grupos. Um pró-Ocidente, formado pela classe média, e agora liderado por ElBaradei. E a Irmandade Muçulmana, partido fundamentalista colocado na clandestinidade – temido por Israel e pelos Estados Unidos.

O Egito é um aliado vital do Ocidente na região. Os governos da Europa e dos EUA têm sido cautelosos em criticar Mubarak, já que o fim do regime pode trazer mais instabilidade à já inflamada região do norte da África e ao Oriente Médio.

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