NYT
Em vez de punir Netanyahu por endosso a Romney, presidente manteve ações pró-Israel, fortalecendo posição perante público israelense e para aumentar pressão sobre aliado
É possível que a relação turbulenta entre o presidente Barack Obama e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tenha mudado.
Quase um ano depois de Obama ter pedido - e não ter conseguido - o apoio de seu colega israelense em seus esforços para atrair os eleitores judeus americanos antes de sua reeleição, agora, de acordo com especialistas em Israel, é Netanyahu quem precisa de Obama.
O líder israelense enfrentará uma eleição em janeiro, e se há uma coisa que os eleitores israelenses não gostam, disseram estudiosos, é qualquer tipo de acordo entre o seu primeiro-ministro e o presidente dos Estados Unidos durante momentos de dificuldade.
Um ano após Netanyahu ter deixado evidente seu apoio a Mitt Romney, agora poderia ser o momento perfeito para Obama retribuir o favor. E enquanto Israel e o Hamas - e seus defensores respectivos, os EUA e o Egito - lutavam para chegar a um acordo de cessar-fogo no conflito em Gaza alcançado na quarta-feira, ele não o fez.
Em vez disso, Obama enviou a secretária de Estado Hillary Clinton para ajudar a selar o cessar-fogo. Ele tem sido firme em seu apoio público sobre o direito de defesa de Israel em relação aos ataques de foguetes de Gaza e não chegou a mencionar a necessidade de "contenção" de Israel em sua campanha de bombardeio, o que poderia ser interpretado como um esforço americano para pressionar Israel.
Obama tem adotado uma postura vigorosa pró-Israel assim como o presidente George W. Bush (2001-2009) o fez quando enfrentou crises semelhantes, na guerra de Israel contra o grupo libanês Hezbollah, em 2006, e na incursão israelense a Gaza, em 2008.
O presidente fala ao telefone quase diariamente com Netanyahu e muitas vezes mais com o presidente Mohammed Morsi, do Egito, o líder da Irmandade Muçulmana que Obama contatou para mediar o acordo de cessar-fogo. E é Obama, que apoia o financiamento do sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro, que impediu que centenas de foguetes atingissem alvos israelenses durante o conflito de oito dias.
De acordo com especialistas no Oriente Médio, tudo isso significa que Obama pode ter fortalecido sua posição perante o público israelense e está agora em uma situação muito mais confortável para começar a pressionar Netanyahu sobre questões que vão do bloqueio israelense imposto sobre Gaza ao Irã e até mesmo ao processo de paz dormente do Oriente Médio, no qual teve pouca influência.
Por enquanto, diplomatas e analistas dizem que é pouco provável que Obama pressione muito Netanyahu. Mas, à medida que o tempo passe após o cessar-fogo, o presidente poderá usar sua nova vantagem em questões como levantar o bloqueio de Gaza e permitir mais liberdade de movimento para os palestinos e seus bens através das fronteiras.
Veja imagens dos oito dias de conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza:
Fumaça é vista após ataque aéreo israelense em Gaza (21/11)
Foto: AP
Homem ferido em explosão de ônibus recebe atendimento em Tel Aviv (21/11)
Foto: AP
Parentes choram em Ramallah por morte de palestina que se feriu há três dias em protestos contra operações de Israel em Gaza (20/11)
Foto: AP
Soldado israelense retira menina de local atingido por foguete lançado por militantes palestinos contra a cidade de Beer Sheva (20/11)
Foto: AFP
Palestino inspeciona casa destruída por bombardeio israelense em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza (20/11)
Foto: AFP
Bombeiros palestinos tentam apagar fogo após ataque aéreo contra Banco Nacional Islâmico na Cidade de Gaza (20/11)
Foto: AFP
Parentes de Rushdi Tamimi, que morreu dois dias depois de ser internado com ferimentos de combate em Nabi Saleh, choram em hospital de Ramallah (19/11)
Foto: AP
Manifestantes palestinos jogam pedras contra forças de segurança israelenses na Faixa de Gaza (19/11)
Foto: Reuters
Parente do palestino Rushdi Tamimi, morto em decorrência de ferimentos durante confronto com forças israelenses em Nabi Saleh, chora em hospital de Ramallah (19/11)
Foto: AP
Fumaça e fogo são vistos de explosão em organização de mídia na Cidade de Gaza (19/11)
Foto: AP
Policiais da fronteira de Israel correm durante protesto em Nablus, Cisjordânia, contra a ofensiva em Gaza (19/11)
Foto: AP
Fogos de artifício são jogados contra forças de segurança de Israel no posto de controle de Qalandia durante protesto contra ofensiva na Faixa de Gaza (19/11)
Foto: AP
Palestinos carregam corpos de membros da família Daloo durante funeral na Cidade de Gaza (19/11)
Foto: AP
Equipes de resgate carregam corpo de criança da família Daloo retirado de casa destruída por ataque aéreo de Israel na Cidade de Gaza (18/11)
Foto: AP
Palestino beija a mão e parente morto em necrotério do Hospital Shifa, na Cidade de Gaza (18/11)
Foto: AP
Palestinos retiram corpo de criança de escombros de casa da família Daloo, atingida por ataque aéreo de Israel na Cidade de Gaza (18/11)
Foto: AP
Ferido é resgatado depois da casa de sua família desabar durante ataque de forças israelenses no bairro de Tufah, na Cidade de Gaza (18/11)
Foto: AP
Fumaça é vista após explosão na estação de TV local de Al-Aqsa na Cidade de Gaza (18/11)
Foto: AP
Fumaça sobe após ataque de forças israelenses contra Cidade de Gaza (18/11)
Foto: AP
Palestino é visto em meio a destroços de casa destruída depois de ataque aéreo israelense no campo de refugiados de Jabaliya, norte da Faixa de Gaza (18/11)
Foto: AP
Míssil israelense do Domo de Ferro é lançado perto da cidade de Be'er Sheva, sul de Israel, para interceptar foguete disparado da Faixa de Gaza (17/11)
Foto: AP
Mulher palestina é carregada por soldados israelenses durante protesto na cidade fronteiriça de Nablus (17/11)
Foto: AP
Imagem mostra momento em que bomba lançada por Israel explode no centro de Gaza (17/11)
Foto: AP
Explosão e fumaça são vistas após ataque aéreo de Israel a Gaza (17/11)
Foto: AP
Soldados israelenses trabalham em seus tanques em área perto da fronteira com a Faixa de Gaza (17/11)
Foto: AP
Foguetes lançados por militantes palestinos em direção a Israel são vistos no céu sobre o norte da Faixa de Gaza (17/11)
Foto: AP
Homem é visto em degraus de casa danificada por foguete lançado por palestinos da Faixa de Gaza em comunidade perto de Ashdod, sul de Israel (17/11)
Foto: AP
Tanques israelenses circulam perto da Faixa de Gaza e se preparam para possível ofensiva por terra contra palestinos (16/11)
Foto: AFP
Alvo palestino na Faixa de Gaza é atingido por bomba israelense (16/11)
Foto: AFP
Mãe de criança palestina morta por disparo aéreo é consolada por familiares antes do funeral em Gaza (16/11)
Foto: AFP
Policiais israelenses detêm palestino durante protesto contra os ataques a Gaza em Jerusalém (16/11)
Foto: AFP
Soldado israelense mira em palestinos que protestam contra ataques na Faixa de Gaza (16/11)
Foto: AFP
Palestinos carregam corpo de líder militar do Hama11, Ahmed Jabari, morto por Israel (15/11)
Foto: AP
A família do jornalista da BBC Jehad Mashhrawi está entre as vítimas civis da recente onda de ataques entre Israel e a Faixa de Gaza (15/11)
Foto: BBC
Israel lança sistema de interceptação, que identifica os foguetes direcionados para áreas povoadas (15/11)
Foto: Reuters
Palestinos tentam apagar fogo de carro onde estava Ahmed Jabari, alvo de ataque de Israel em Gaza (14/11)
Foto: AFP
Autoridades do governo afirmam que ainda é muito cedo para discutir as possíveis exigências a ser feitas de Israel. Mas um oficial declarou que o presidente tinha a intenção de reiniciar o processo de paz entre israelenses e palestinos em seu segundo mandato. Isso pode ser mais na teoria do que na prática. Robert Malley, diretor do programa do Oriente Médio e África do Norte do Grupo Internacional contra Crises apontou que, mesmo que Obama tentasse reiniciar as negociações de paz, tanta coisa aconteceu que "o contexto mudou".
Em suas conversas durante a crise, já houve uma mudança perceptível no tom adotado por Obama e Netanyahu, de acordo com autoridades. "É possível notar o quão importante essas conversas foram", disse Dennis B. Ross, ex-conselheiro sênior de Obama sobre o Oriente Médio.
Levando em consideração que Netanyahu continuará no poder depois de janeiro, Ross disse que o primeiro-ministro e Obama teriam oportunidade de criar uma nova perspectiva para o seu relacionamento – diante de um Oriente Médio transformado pelaPrimavera Árabe.
"Eles sabem que terão de se unir", disse Ross. "E sabem que algumas das considerações políticas que pareciam importantes antigamente já não serão mais tão importantes."
Por Helene Cooper e Mark Landler
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições