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Para atrair Rússia, projeto da ONU retira menção à renúncia de Assad

Para atrair Rússia, projeto da ONU retira menção à renúncia de Assad

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:16

iG São Paulo

Projeto de resolução do Conselho de Segurança apoia Liga Árabe, mas não se refere à renúncia de Assad nem à proibição da venda de armas

Os membros do Conselho de Segurança da ONU decidiram nesta quinta-feira amenizar o conteúdo de uma resolução contra a Síria, em uma aparente tentativa de superar as objeções da Rússia ao relatório anterior.

Leia também: EUA e aliados discutem exílio para presidente sírio Assad

 

 

Manifestantes protestam contra o regime de Bashar al-Assad em Qudsaya, próximo a Damasco

Foto: Reuters

 

Segundo a BBC, que teve contato com o novo documento, no texto revisado, o Conselho retira o pedido explícito para que o presidente sírio Bashar al-Assad renuncie e entregue o poder para seu vice - o ponto mais importante do plano de paz proposto pela Liga Árabe.

No entanto, o texto ainda apoia o que chamam de "decisão" da Liga Árabe de facilitar uma transição política. Os diplomatas ocidentais afirmam que isso significa que enquanto a resolução não menciona detalhes do plano árabe, ele claramente o apoia.

O novo documento também retira uma referência à proibição de venda de armas para a Síria. Os embaixadores na ONU começaram as negociações sobre a Síria na quarta-feira, após uma importante reunião na qual representantes árabes pediram que o Conselho apoie o quanto antes o plano de paz da Liga Árabe para colocar um fim na crise.

Fontes da diplomacia afirmam à BBC que os Estados do ocidente devem apoiar o novo texto - elaborado pelo Marrocos - com a condição de que consiga uma aprovação da Rússia, em vez de uma abstenção.

 

A Rússia confirmou que continuará fornecendo armamento à Síria até que a situação se estabilize e deixou sem resposta a questão sobre se suas armas foram usadas para disparar contra manifestantes. "Não estamos infringindo nenhuma lei internacional. O que não esta proibido é permitido", disse o vice-ministro da Defesa Anatoli Antonov

Antonov garantiu que a venda de armas a Damasco, um dos principais clientes da indústria militar russa, está dentro da lei russa e das legislações internacionais. O vice-ministro ressaltou que Moscou nunca vendeu ao governo sírio um "armamento ofensivo", ou seja, que altere o equilíbrio de forças no Oriente Médio.

"A Síria está satisfeita com a cooperação técnica militar com a Rússia. Não há nenhuma restrição às nossas provisões. Devemos cumprir com nossas obrigações e é o que estamos fazendo", disse.

O vice-ministro respondeu as acusações de que as armas russas como os fuzis Kalashnikov são utilizadas pelas forças de segurança sírias contra os opositores do país árabe. "Eu não diria que os manifestantes estão sendo assassinados com armas russas", afirmou.

O vice-ministro lembrou que 90% dos Kalashnikovs usados no mundo são contrabandeados e não fabricados em território russo. Ele ressaltou que a Rússia faz rastreamento de todas as armas exportadas, incluindo as enviadas a Síria.

"Temos acordo com a Síria sobre o controle do armamento russo que entra em seu território. Está tudo documentado. Podemos comprovar a finalidade de nossas armas", detalhou.

De acordo com a imprensa russa, Moscou vai fornecer à Síria 36 aviões de instrução de combate Yak-130 por meio de um contrato assinado em dezembro. Neste mês, a Rússia confirmou o envio a Damasco de sistemas móveis lança mísseis litorâneos e mísseis de cruzeiro através de um contrato selado em 2007.

Israel e os EUA consideram que esses mísseis supersônicos de até 300 km de alcance representam uma ameaça para seus navios ancorados no Mediterrâneo. A Rússia garantiu na quarta-feira que vai vetar qualquer resolução que contemple a intervenção militar na Síria.

Posição russa: &Resolução na ONU abrirá caminho para guerra na Síria&

O Kremlin, que acusa os EUA de quererem aplicar o roteiro líbio - sanções internacionais, embargo aéreo, intervenção ocidental e mudança de regime - na Síria, já vetou em outubro junto à China um projeto europeu que condena Damasco pela repressão violenta das manifestações opositoras.

Grupos de direitos humanos afirmam que mais de 7 mil foram mortos pelas forças de segurança sírias desde o início da revolta, enquanto a ONU tem uma estimativa de 5,4 mil mortos. O governo sírio afirma que 2 mil de seus agentes foram mortos, vítimas de grupos terroristas e gangues.

Somente na quarta-feira, ao menos 43 pessoas foram mortas pelas forças de segurança, segundo um grupo ativista sírio.

Com BBC, AFP, EFE e AP


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