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Pela primeira vez desde a Revolução Islâmica de 1979, um líder iraniano é intimado; presidente deve comparecer em um mês
O Parlamento do Irã convocou o presidente do país para questioná-lo sobre assuntos econômicos, o que não acontecia desde a Revolução Islâmica de 1979. Mahmoud Ahmadinejad terá que prestar contas sobre a forma com a qual tem lidado com a economia.
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, faz sinal da vitória após desembarcar na Venezuela (08/01)
Foto: AP
Os parlamentares já tinham ameaçado tomar uma atitude similar algumas vezes, mas nunca tinham conseguido ir adiante, em algumas das vezes por terem sido impedidos pelo líder supremo aiatolá Khamenei. Segundo a Reuters, cerca de 100 membros da assembleia formada por 290 parlamentares assinaram uma petição para convocar Ahmadinejad.
"Ahmadinejad será informado imediatamente sobre a decisão. Ele terá que aparecer no parlamento um mês depois de ter sido oficialmente informado", disse o legislador Mohammad Reza Bahonar.
Isso significa que ele poderia aparecer depois das eleições legislativas de 2 de março - as primeiras eleições nacionais desde a disputada votação de 2009.
A agência Fars publicou uma lista das dez questões que os parlamentares fariam ao presidente. Embora a maior parte das peguntas esteja relacionada à economia - buscando explicações para combater o desemprego e pagar subsídios - outras ampliam o abismo entre Ahmadinejad e Khamenei.
"Qual a justificativa para sua resistência de 11 dias contra o veredito lançado pelo líder da Revolução para restabelecer Hojjat ol-Eslam [Heidar] Moslehi, o respeitado ministro da inteligência?", pergunta uma delas.
Em Abril, Ahmadinejad decidiu demitir Moslehi, após o ministro ter dispensado Esfandiar Rahim-Mashaei, um oficial com quem o presidente mantinha laços profundos.
Mas Khamenei decidiu sobrepô-lo, e ordenou que Moslehi fosse reintegrado ao cargo. Segundo a imprensa local, a decisão provocou a ira de Ahmadinejad, fazendo com que se afastasse do governo por 11 dias.
Entenda: Demissão de ministro deixa Ahmadinejad sob pressão
Outra questão está relacionada à sua decisão de dispensar o ex-ministro das Relações Exteriores Manouchehr Mottaki, enquanto visitava o Senegal. O presidente também será questionado sobre por que seu governo falhou em promover a vestimenta islâmica, que pede que as mulheres usem o véu tradicional, e para explicar sua relação com Rahim-Mashaei, cuja filha é casada com o filho do presidente.
O Parlamento tem discordado com frequência das políticas econômicas de Ahmadinejad. Sob a constituição, ele poderia dar o impeachment ao presidente se ele ignorar a convocação.
O impeachment, entretanto, é considerado improvável, porque prejudicaria todo o poder estabelecido no país em um momento de intensa pressão internacional por conta do seu controverso programa nuclear.
"Isso irá somente enfraquecer o campo de Ahmadinejad, mas não levará à sua remoção", disse um parlamentar à Reuters, que pediu para não ser identificado.
Com Reuters e BBC
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