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Prêmio para Xiaobo não é contra a China, diz responsável pelo Nobel

Prêmio para Xiaobo não é contra a China, diz responsável pelo Nobel

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:04

A premiação do dissidente Liu Xiaobo com o Prêmio Nobel da Paz "não é contra a China", nem uma tentativa de impor "valores ocidentais" aos chineses, disse nesta quinta-feira (9) o presidente do comitê do Nobel, Thorbjoern Jagland.

"Não é um protesto, é um sinal para a China de que seria muito importante para seu futuro combinar desenvolvimento econômico com reformas políticas e apoiar os que lutam pelos direitos humanos básicos", disse em entrevista.

'O prêmio carrega o entendimento de que esses são direitos universais e valores universais, não são padrões ocidentais', acrescentou Jagland.

Uma cadeira vazia representará simbolicamente na premiação Xiaobo, que segue preso na China, durante a cerimônia de entrega do Nobel.

Em sua história centenária, o Nobel da Paz até hoje só não pôde ser entregue, pela ausência do premiado ou de um representante, durante o regime nazista na Alemanha, quando o pacifista Carl von Ossietzky, aprisionado em um campo de concentração, não pôde ir a Oslo em 1936.

Antigo representante do movimento democrático de Tiananmen em 1989, Liu Xiaobo, ex-professor de literatura de 54 anos, foi condenado no natal de 2009 a 11 anos de prisão por "subversão do poder do Estado".

Ele é acusado de ter corredigido a "Carta 08", um texto que reivindica uma China democrática.

A escolha do comitê Nobel norueguês foi extremamente mal recebida por Pequim, que considera o laureado um "criminoso" e que colocou sua esposa, Liu Xia, sob prisão domiciliar.

"Não mudaremos por causa da intromissão de alguns palhaços", declarou na terça-feira a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Jiang Yu.

Nos bastidores, a gigante asiática, segunda maior potência econômica do mundo, pediu aos embaixadores em Oslo para que não assistissem à cerimônia.

Sob pressão da China, 19 países, incluindo a Rússia, Cuba, a Venezuela, o Iraque e a própria China, recusaram o convite para assistir à premiação, segundo o Instituto Nobel. Alguns, como a Rússia, mencionaram problemas com o cronograma.

Mas outros 44 Estados disseram que estarão presentes, incluindo os países membros da UE, o Japão, a Índia, a Coreia do Sul e o Brasil. Os Estados Unidos enviarão a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

Na China, a imprensa se calou sobre a atribuição do Nobel e Pequim faz de tudo para impedir seus opositores de ir a Oslo.

No entanto, inúmeros dissidentes chineses no exílio devem assistir à cerimônia.

Além da cadeira vazia, uma foto e a leitura de um de seus textos pela atriz norueguesa Liv Ullmann representarão simbolicamente Liu Xiaobo na prefeitura de Oslo.

Em represália ao Nobel, Pequim cancelou vários encontros bilaterais e congelou um projeto de acordo de livre comércio com a Noruega.

Em Estocolmo, cinco outros prêmios Nobel 2010 serão entregues na sexta-feira para as disciplinas científicas (medicina, física, química e economia) e literatura, para o peruano Mario Vargas Llosa.

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