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Psicóloga diz que menino se autocurou do Ebola

Ane Bjøru, dos Médicos Sem Fronteiras, falou ao G1 sobre sua experiência. Ela disse que países afetados precisarão de força-tarefa psicossocial.

Fonte: Globo.comAtualizado: sexta-feira, 26 de setembro de 2014 às 11:46
A psicóloga norueguesa Ane com o menino Patrick, de quem ela cuidou enquanto esteve na Libéria
A psicóloga norueguesa Ane com o menino Patrick, de quem ela cuidou enquanto esteve na Libéria

Após passar pela experiência de ajudar uma criança da Libéria a se curar do ebola, a psicóloga Ane Bjøru Fjeldsæter, de 31 anos, da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), disse que os países da África Ocidental afetados pelo vírus precisarão de uma força-tarefa histórica para amenizar o impacto da doença e seu efeito emocional – que deve durar anos.

G1 publicou nesta quinta-feira (25) o depoimento de Ane dado ao MSF, em que narra seus momentos com o menino Patrick, que perdeu a mãe para o ebola e contraiu o vírus. Em seu relato (leia aqui) emocionado, ela conta que o garoto, de Monróvia, a capital da Libéria, foi tratado em um hospital montado pela organização e quase morreu.

Mas, segundo ela, Patrick sobreviveu graças à resposta imunológica de seu próprio corpo, já que não há ainda uma medicação específica para curar a enfermidade, que causou quase 3 mil óbitos e contaminou 6.263 pessoas na Libéria, Serra Leoa, Guiné, Nigéria e Senegal. “O corpo humano é incrível”, disse ela, em entrevista concedida ao G1.

A psicóloga contou ainda em seu texto uma passagem em que Patrick pede a ela uma bicicleta. Após a publicação da história, o G1recebeu mensagens de leitores oferecendo o presente ao menino. "A atitude dos brasileiros querendo doar ao Patrick é tão emocionante. Nós demos a ele apenas um carrinho de brinquedo, já que não tínhamos uma bicicleta no estoque do MSF", disse ela.

Função: transmitir calma
Antes de ir para Monróvia, Ane, que é da Noruega, passou por Serra Leoa, onde “conheceu uma população que sofre enormemente”. Na Libéria, trabalhou em um dos hospitais montados pelo MSF, que mantém no país cerca de 600 profissionais.

Ela explica que o trabalho do psicólogo, aliado ao do médico, é importante porque é necessário manter a calma entre os pacientes. “Eles ficam apavorados por ficarem isolados. Eles sabem que têm uma doença que age rapidamente e brutalmente no corpo humano. A coisa mais importante não é o que você diz, mas o fato de você escutar e tentar fortalecer suas forças. Elas vão ajudar a pessoa a sobreviver”, explicou.

Isolamento forçado
A norueguesa disse que uma pessoa contaminada pelo ebola, quando admitida no hospital, passa por uma série de procedimentos. Seus pertences podem ficar com ele, mas, quando entregues aos profissionais do Médicos Sem Fronteiras, são descontaminados (grande parte é incinerada). O objetivo é impedir que o vírus saia de lá por alguma fresta.

Ela afirma que quem está com ebola pode receber visitas, mas as pessoas são separadas por uma cerca dupla, que impede a circulação do vírus para pessoas saudáveis. Há ainda um serviço telefônico que atualiza as famílias daqueles que estão internados.

A doença grave é causada por vírus. Muitas vezes é caracterizada pelo início súbito de febre, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. Depois vêm vômitos, diarreia, funções hepática e renal deficientes, erupções cutâneas, e, em alguns casos, sangramentos internos e externos, com interrupção do funcionamento dos órgãos.

Exames de laboratório incluem baixa de glóbulos brancos e de plaquetas e aumento das enzimas hepáticas. O período de incubação do vírus pode durar de dois dias a três semanas, e o diagnóstico é difícil.

Ane afirma que além de tentar curar o vírus, o impacto da doença sobre a África Ocidental deverá ser sentida por anos e que, por isso, é necessário um “apoio psicossocial” nas comunidades.

“A experiência em Monróvia foi arrebatadora. Precisamos de mais gente para ajudar. Temos recrutado pessoas e treinado novos funcionários, colocado mais leitos nas áreas de controle, mas ainda afastando muita gente dos portões. É como conter uma onda com um guarda-chuva. Só os Médicos Sem Fronteiras não serão suficientes”, disse ela.

 





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