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Rebelião antigoverno divide a Líbia; pressão internacional cresce

Rebelião antigoverno divide a Líbia; pressão internacional cresce

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:54

O ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, perdeu o controle do leste do país para a insurreição popular e enfrentava nesta quinta-feira (24) uma forte pressão do Ocidente para evitar um banho de sangue, que pode provocar um grande êxodo e uma desestabilização ainda maior desta rica nação petroleira.

Segundo a Reuters, milícias contrárias ao governo assumiram também o controle da cidade de Zuara, situada a cerca de 120 quilômetros a oeste da capital do país, de acordo com trabalhadores egípcios que cruzaram a fronteira da Tunísia.

Os egípcios, que disseram trabalhar numa obra em Zuara, declararam que não havia nenhum sinal de policiais ou militares e que a cidade estava sob controle de "comitês populares" portando armas automáticas. "O povo está controlando a cidade. As delegacias de polícia foram queimadas. Nos últimos dias não vimos nenhum policial ou militar", declarou o operário egípcio Ahmed Osman, depois de deixar a Líbia e ingressar no território tunisiano.

As forças leais a Kadhafi, foram destituídas do poder na província de Cyrenaica, no leste, durante um levante popular contra o governo e há sinais de que ele também está perdendo o controle do oeste. Nas estradas rebeldes armados estão posicionados ao lado de soldados que aderiram à causa dos insurgentes.

Mundo condena repressão

Países condenaram nesta semana a repressão do governo líbio aos protestos, que já deixou 640 mortos, segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos, mas até agora nenhuma ação concreta foi tomada contra o regime do ditador Kadhafi, há 42 anos no poder. O presidente americano, Barack Obama, qualificou de "escandalosa" a repressão que matou centenas de pessoas e afirmou que os responsáveis pela violência devem "responder" por seus atos.

A União Europeia (UE) se mobiliza para decidir eventuais sanções e tenta encontrar uma resposta para a fuga de milhares de líbios e estrangeiros do país do norte da África. A questão será debatida pelos ministros da UE nesta quinta-feira (24) em Bruxelas.

Organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram ataques aéreos e bombardeios contra civis.

Resistência

O Comitê para a Segurança Geral do Povo da Líbia, um órgão do regime do dirigente Khadafi, pediu nesta quinta que a população entregue suas armas e ofereceu recompensas para quem der informações sobre os líderes dos protestos, em um comunicado divulgado ao vivo na TV líbia.

As forças de segurança da Líbia vêm reprimindo as manifestações contra o governo. Os confrontos se espalharam pela capital, Trípoli, depois de irromperem na semana passada na região produtora de petróleo, no leste do país. Mas não há sinais de que Khadafi, que está há 41 anos no poder, vá renunciar. 'Aquele que entregar sua arma e demonstrar remorso será eximido de perseguições legais, Os comitês pedem aos cidadãos que cooperem e informem sobre quem liderou os jovens ou lhes entregou dinheiro, equipamentos ou substâncias intoxicantes e pílulas alucinógenas', diz o texto.  

O comitê também disse que quem cooperar receberá dinheiro. A transmissão da emissora foi sintonizada no Cairo.

Kadhafi, de 68 anos, no poder desde 1969, ameaçou na terça-feira "lutar até a morte" e ordenou que suas tropas esmaguem a rebelião. Mas um dos filhos do ditador, o ex-jogador de futebol Saadi Kadhafi, declarou que o "guia da revolução" estaria considerando outros planos, como o de virar um conselheiro para uma nova geração de dirigentes.

"Meu pai seria como o avô que aconselha", declarou Saadi Kadhafi em entrevista por telefone ao jornal britânico Financial Times. "Depois deste terremoto positivo, temos que fazer algo pela Líbia. Devemos ter sangue novo para governar nosso país", disse.

O terceiro filho do coronel Kadhafi afirmou ainda que 85% do país está "muito tranquilo e seguro" e que o regime recuperará o controle total "mais cedo ou mais tarde".

Voos suspensos

A companhia aérea italiana Alitalia anunciou nesta quinta a suspensão por tempo indeterminado de seus voos para a capital da Líbia, Trípoli, por razões de segurança.

Em um comunicado, a empresa informou que está havendo dificuldade para os passageiros chegarem aos portões de embarque no aeroporto de Trípoli, as conexões nacionais e internacionais por telefone não estão funcionando e os serviços de bagagem, segurança e assistência aos passageiros está em situação de risco.

A Alitalia afirmou que permanece em contato com o Ministério de Relações Exteriores da Itália e irá operar voos especiais para remover cidadãos italianos da Líbia, se necessário.

Êxodo

Quase 30 mil tunisianos e egípcios fugiram da Líbia desde segunda, informou nesta quinta-feira Organização Internacional para as Migrações (OIM), que prevê a necessidade de assistência para dezenas de milhares de pessoas nas fronteiras.    

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