Rebeldes antigoverno da Líbia aguardavam nesta segunda-feira (28) um contra-ataque das forças do ditador Muammar Khadafi, após o líder do país ter negado as exigências dos manifestantes para que ele deixasse o poder, em mais um episódio das revoltas no mundo árabe. Os manifestantes no controle da cidade de Zawiyah, a apenas 50 km a oeste da capital Trípoli, disseram que cerca de 2.000 tropas leais a Kadhafi cercavam a cidade.
"Faremos o melhor para vencê-los. Eles vão atacar em breve", disse à agência de notícias Reuters um ex-major da polícia que mudou de lado e se uniu à rebelião. "Se estamos lutando pela liberdade, estamos prontos para morrer por ela."
Kadhafi luta contra uma rebelião que se espalhou pela sua nação produtora de petróleo do Mediterrâneo, após revoltas derrubarem líderes nos vizinhos Tunísia e Egito. Sua repressão feroz matou centenas de pessoas, provocando sanções da ONU e condenação do Ocidente, mas não mudou a situação dos protestos. Os moradores, mesmo em partes da capital Trípoli, fizeram barricadas contra as forças do governo. Um general, no leste do país, onde o poder de Kadhafi evaporou, disse à agência Reuters que suas forças estavam prontas para ajudar os rebeldes no oeste. "Nossos irmãos em Trípoli dizem: 'nós estamos bem até agora, não precisamos de ajuda'. Mas se eles pedirem ajuda, estamos prontos para agir ", disse o general Ahmed el-Gatrani, um dos mais graduados responsáveis do exército rebelde em Benghazi.
Analistas dizem esperar que os rebeldes, eventualmente, possam tomar a capital e matar ou capturar Kadhafi, mas acrescentam que ele tem o poder de fogo para fomentar o caos ou a guerra civil - uma perspectiva que ele e seus filhos têm alertado.
A televisão sérvia citou Kadhafi culpando os estrangeiros e a rede terrorista da al-Qaeda pela agitação e condenando o Conselho de Segurança da ONU por impor sanções e pedir um inquérito crimes de guerra. "O povo da Líbia me apoia. Pequenos grupos de rebeldes estão cercados e serão controlados", disse ele. Avião
Opositores do líder líbio ainda estão combatendo forças pró-governo perto da cidade de Misrata e derrubaram um avião militar, segundo uma testemunha ouvida pela agência Reuters nesta segunda-feira.
A cidade fica cerca de 200 quilômetros a leste da capital, Trípoli. 'Um avião foi derrubado esta manhã quando disparava contra a estação local de rádio. Manifestantes capturaram sua tripulação', disse a testemunha, que se identificou apenas como Mohamed. 'Os combates pelo controle da base militar (perto de Misrata) começaram na noite passada e ainda prosseguem. As forças de Kadhafi controlam apenas uma pequena parte da base. Os manifestantes detêm uma área maior, onde está a munição.' 'Misrata ainda está sob controle dos manifestantes', disse ele.
Ajuda francesa
A França vai iniciar uma operação de ajuda humanitária à cidade de Benghazi, no leste da Líbia, que está sob controle de opositores do líder líbio, Muammar Gaddafi, começando com o envio de dois aviões cargueiros com auxílio médico, disse nesta segunda-feira o primeiro-ministro da França, François Fillon.
O premiê relacionou a missão a um amplo esforço do governo francês para impedir um influxo de imigrantes da Líbia através do mar Mediterrâneo, com destino à Europa, como consequência do levante que abala o poder de Gaddafi, mas não pôs fim a seu regime.
A França e a Itália temem que o colapso de um governo organizado possa fazer com que líbios e trabalhadores de outros países que vivem na Líbia fujam em direção ao litoral sul europeu, nos países da União Europeia.
Fillon disse que dentro de poucas horas dois aviões partiriam para Benghazi levando médicos, enfermeiras, equipamento médico, e dando início a uma massiva operação de ajuda humanitária à população dos 'territórios libertados'.
Conselho
Líderes da revolta na Líbia criaram neste domingo um "Conselho Nacional" de transição para as cidades "libertadas" do regime de Kadhafi. "A criação de um Conselho Nacional foi anunciada em todas as cidades livres da Líbia", disse Abdel Hafiz Ghoqa em coletiva de imprensa em Benghazi, segunda cidade da Líbia e bastião da revolta.
O conselho é o "rosto da Líbia no período de transição", afirmou Ghoqa, acrescentando que consultas estão em andamento para discutir a composição e as tarefas no novo órgão. "Não podemos chamar de governo de transição. É um conselho nacional até a libertação de Trípoli (...) e ainda não determinamos sua forma e seus membros".
No sábado, o ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil, que deixou o regime de Kadhafi na segunda-feira, afirmou à emissora 'Al-Jazeera' que um governo de transição seria formado para administrar o país durante três meses, preparando a realização de eleições. O Conselho "será o rosto da Líbia durante o período de transição (...) e cada cidade, libertada ou não, será consultada sobre sua formação", garantiu Ghoqa.
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