O Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), responsável pela investigação da queda do voo AF 447 que matou 228 pessoas a bordo em 1º de junho de 2009, divulgou nota nesta quarta-feira (3) em resposta a críticas de que omitiu do último relatório sobre o acidente uma recomendação desfavorável à Airbus.
O documento de trabalho contém uma recomendação sobre a operação do aviso de estol [que alertam para a perda de sustentação do avião]. Este trecho foi retirado porque era prematuro nesta fase da investigação. Na verdade, este assunto será aprofundado pelo grupo de Sistemas do Avião e complementado pelo grupo de trabalho Fatores Humanos, cuja criação foi anunciada na coletiva de imprensa de 29 de julho, diz a nota. Para a associação Entraide et Solidarité AF 447 (Ajuda Múta e Solidariedade AF447), que representa as famílias das 228 vítimas da tragédia, a investigação técnica realizada pelo BEA está "definitivamente desacreditada".
"Esse triste episódio joga definitivamente o descrédito sobre a investigação técnica" e "gera uma crise de confiança sem precedentes em relação às autoridades de investigação", declarou Robert Soulas, presidente da associação, à agência de notícias France Presse.
De acordo com o BEA, o trecho mencionado trata-se de uma emenda ao projeto do relatório confidencial que foi enviado a especialistas designados para a investigação, a fabricante do avião e o SNPL, sindicato francês de pilotos de voos comerciais.
O SNPL exigiu explicações sobre essas "graves revelações" que "comprometeram seriamente" sua confiança no BEA. À espera de saber se o relatório sofreu "outras modificações significativas", o sindicato pediu ao seu próprio investigador "que suspenda sua participação nos trabalhos" do órgão.
(...) A polêmica atual visa uma recomendação que corresponde a um modo de funcionamento do alarme de estol numa situação onde o avião passa por incidente extremo, nunca encontrada em testes de voo, nem mesmo consideradas, diz o BEA.
O órgão francês responsável pela investigação do acidente lembra que o relatório mostrou que o sistema de alarme soou durante 54 segundos ininterruptos, sem provocar a reação apropriada da tripulação, fato que deve ser analisado pelo grupo de trabalho apropriado.
O relatório publicado em 29 de julho corresponde a uma etapa [da investigação]. Sua publicação é necessária para emitir recomendações de segurança. As causas do acidente serão objeto de um relatório final a ser divulgado no primeiro semestre de 2012, afirma a nota.
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