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Turismo sexual na Ásia: Mais de 70 mil crianças se prostituem

Turismo sexual na Ásia: Mais de 70 mil crianças se prostituem

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

A prostituição infantil no sudeste asiático aumentou muito nos últimos anos. Mais de 70 mil crianças são levadas à prostituição, e o turismo tem um papel importante nisso. Na ilha de Bali, na Indonésia, algumas ONGs e governos de países asiáticos e europeus organizaram uma conferência para combater a prostituição infantil. Mas o problema tem solução? Os países envolvidos têm boas leis a respeito, mas a aplicação dessas leis é uma outra história.

Dos 70 mil menores prostituídos, 20% são crianças indonésias. Na conferência procurou-se formular medidas jurídicas claras para combater a prostituição infantil no turismo.

Aris Merdeka Sirair, da Comissão Nacional para Crianças da Indonésia (Komnas Anak) fala sobre a prostituição infantil em Bali: "Esta conferência foi organizada em Bali porque muitas crianças balinesas são vítimas de assédio sexual de pedófilos ou outros crimes em diferentes locais turísticos de Bali e regiões próximas."

Estimativa grosseira

O diretor da organização de ajuda infantil Terre des Hommes, Frans van Dijk, diz que a cifra de 70 mil é uma estimativa grosseira. "Há muito mais crianças que não têm coragem de procurar a polícia", comenta. "Crianças mais novas, por exemplo, em geral não querem denunciar. E se não há denúncia, a polícia diz que não há caso. Também acontece frequentemente de pedófilos pagarem as crianças pelo silêncio. E há pessoas que não querem a publicidade e a mídia que vem com um caso judicial."

Mas já é tempo de tomar medidas concretas como, entre outras, a de acabar com a rede internacional de pedófilos. Para isso é preciso colaboração, não apenas entre ONGs mas também entre governos.

"A aplicação da lei é um dos primeiros passos. Depois é preciso haver colaboração entre as ONGs e os governos", diz Merdeka Sirait. "Eles têm que tentar proteger tantas crianças quanto possível para que elas não se tornem vítimas da indústria do sexo. O próximo passo é dar informação ampla e clara à população de Bali e de outros locais turísticos, e também das regiões mais pobres. Assim pode-se evitar que as crianças sejam recrutadas pela indústria do sexo." O que também é importante, complementa Sirait é, um trabalho conjunto com a Interpol. Por exemplo, com a polícia francesa, que também estava presente na conferência.

Sentenças mais pesadas

Frans van Dijk também pediu a aplicação das leis na Europa. Turistas pedófilos holandeses deveriam ter sentenças mais pesadas, diz Van Dijk. Dizem que os pedófilos europeus se arriscam a sentenças de até 15 anos na Ásia, mas quando eles decidem voltar para seus países, podem circular livremente. "O ponto é que as pessoas aqui na Ásia sempre dizem que as penas na Europa são muito leves. Se você é condenado na Ásia, pega de 10 a 15 anos de prisão. Na Europa a pena é bem menor. É importante que as pessoas que cometem este tipo de crime sejam punidas", defende Van Dijk.

A pobreza tem um papel importante na prostituição infantil. A organização Terre des Hommes ajuda, por exemplo, no financiamento de educação, dando bolsas de estudo para que crianças possam frequentar a escola. "Uma coisa que fazemos, por exemplo, é dar um suporte financeiro aos estudos de crianças que deixam a escola cedo, porque os pais não podem pagar, para que elas possam voltar à escola. Porque as crianças mais vulneráveis são as que não terminam a escola e que ficam nas ruas. Elas correm o maior risco de serem levadas à prostituição. E a segunda abordagem que temos é dar apoio financeiro a famílias pobres e ajudá-las a melhorar a sua renda", destaca Van Dijk.

Informação

A organização Terre des Hommes também acha importante que as vítimas sejam bem informadas. "Ter informações claras sobre pedófilos e prostituição infantil é muito importante neste caso."

Uma outra forma de enfrentar o problema é a colaboração com agências de viagem, para que não indiquem hotéis que permitem que os hóspedes levem crianças para seus quartos.

Há muitas maneiras de combater a prostituição infantil. Mas a melhor abordagem é a real aplicação das leis nos países asiáticos. O que ainda não acontece.

Escrito por: Fediya Andina

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