Milhares de egípcios comemoram nesta sexta-feira (18) na Praça Tahrir, no Cairo, o "Dia da Vitória", uma semana depois da renúncia do presidente Hosni Mubarak, após 30 anos de governo autocrático.
A manifestação é organizada pelos mesmos grupos que convocaram os protestos iniciados em 25 de janeiro que duraram 18 dias e causaram pelo menos 365 mortos em confrontos entre manifestantes e a polícia.
Eles planejam levar um milhão de pessoas às ruas. O ambiente na praça e nos arredores é festivo e pacífico. Lojas vendiam bandeiras e cartazes que louvavam o que os egípcios não duvidam em chamar de revolução.
"É uma festa, estamos muito felizes, Mubarak foi embora. Acho que vamos voltar todas as semanas, todas as sextas-feiras", disse Naser Mohamed, de 50 anos. A praça está cercada por tanques do exército e por um cordão militar, que checava a identidade dos manifestantes nos diferentes pontos de acesso ao local. Membros dos comitês populares compostos por manifestantes também ajudavam no controle de segurança.
O teólogo catariano de origem egípcia xeque Yusef al Qardaui, muito influente no mundo árabe, pediu aos líderes árabes que ouçam seu povo e empreendam um "diálogo construtivo" durante um sermão pronunciado na praça.
"Eu falo aos dirigentes árabes: não detenham a História. O mundo mudou, o mundo avança e o mundo árabe mudou do interior", afirmou. Transição militar
O poder foi entregue a uma junta militar que dissolveu o Congresso, cancelou a Constituição da era Mubarak e se comprometeu a realizar reformas constitucionais e pavimentar o caminho para eleições democráticas em um prazo de seis meses.
A manifestação desta sexta está sendo encarada como um "teste" para os militares neste momento de transição. Grupos oposicionistas vão se organizando para as eleições, previstas para no máximo seis meses, e pressionam a junta pela libertação de presos políticos e remoção do estado de emergência.
"Nós concordamos com que o Exército fixasse as normas para as celebrações de hoje", disse Ahmed Naguib, um membro de coordenação de uma coalizão de jovens e grupos políticos pró-democracia. Irmandade Muçulmana
A Irmandade Muçulmana, a força política de oposição mais bem organizada do Egito, instou os egípcios a saírem às ruas para proteger a revolução daqueles que possam tentar pervertê-la em busca de benefícios próprios.
O líder da Irmandade, Mohamed Badie, disse que a revolução começou a dar frutos e os egípcios não deveriam dar "brechas a oportunistas para sequestrá-la e às suas realizações".
Badie reiterou que o grupo não disputará a Presidência do país nem buscará uma maioria parlamentar nas eleições. Os protestos que derrubaram os governos do Egito e da Tunísia espalharam-se para mais países da região, provocando uma onda de violenta repressão.
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