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União Europeia adota sanções ainda mais rígidas contra o Irã

União Europeia adota sanções ainda mais rígidas contra o Irã

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:18

Após sanções da ONU, EUA e de outras potências ocidentais, a União Europeia (UE) adotou nesta segunda-feira um novo pacote de punições contra a República Islâmica alegando como causa a falta de transparência sobre o programa nuclear iraniano.

Para Catherine Ashton, chefe de diplomacia do bloco, somadas às medidas já aprovadas no mês passado, as novas punições formam agora um "conjunto de sanções completo" contra Teerã.

As novas medidas vão mais longe que as adotadas em junho pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Irã por sua negativa de suspender suas atividades de enriquecimento de urânio, que o Ocidente vê como prelúdio para a fabricação da bomba atômica. Teerã nega as acusações e sustenta que as atividades são pacíficas.

"Será o pacote de sanções mais importante que a UE adotou contra o Irã ou qualquer outro país", destacou um diplomata europeu no fim de semana, antes do início da reunião.

Em particular, o bloco sediado em Bruxelas decidiu proibir qualquer investimento europeu, assistência técnica ou transferência tecnológica no setor do gás e do petróleo.

Apesar de o Irã ser o quarto produtor mundial de petróleo, até 40% de sua gasolina é importada porque o país carece de capacidade de refino para satisfazer sua demanda interna.

OBJETIVOS

A adoção das novas medidas deve pressionar o regime de Teerã, argumentou o chanceler britânico. "Isso aumenta a pressão sobre o Irã para ingressar nas negociações sobre seu programa nuclear inteiro", disse a jornalistas o chanceler do Reino Unido, William Hague, ao chegar para a reunião em Bruxelas.

"Espero que o Irã entenda por essa mensagem que as nações europeias estão abertas a negociações sobre seu programa nuclear, mas se eles não responderem, intensificaremos a pressão", acrescentou.

Enquanto ministros da UE devem aprovar maiores sanções nesta segunda-feira, as medidas não serão legalmente colocadas em efeito até que sejam publicadas no diário oficial da União Europeia na terça ou quarta-feira, disseram diplomatas.

"O anexo é extremamente detalhado e estabelece precisamente quais entidades do Irã -- bancos, companhias de seguro, linhas marítimas e de carga -- estão bloqueadas", disse um diplomata. "Uma vez publicada, haverá obrigação legal para cumprir."

O secretário de Estado para Assuntos Exteriores alemão, Wermer Hoyer, sustentou hoje a sua chegada ao encontro da UE que o objetivo é "voltar a sentar com o Irã na mesa de negociações".

"O Irã tem direito de utilizar a energia atômica para propósitos civis", disse, "mas também tem a obrigação de manter uma total transparência já que o rearmamento nuclear não pode ser aceito".

REFLEXOS NA EUROPA

As novas punições não afetarão somente o Irã. Diversas empresas europeias deverão ser atingidas, manifestando desta maneira a disposição do bloco em suportar sacrifícios em sua própria economia para isolar a República Islâmica e forçar o governo do Irã a cumprir acordos internacionais sobre energia atômica.

"Vários Estados-membros tiveram que superar problemas consideráveis, devido a seus interesses econômicos para aprovar o pacote" de sanções, destacou um diplomata.

Além da energia, o setor iraniano do transportes de carga, fundamentalmente a companhia marítima IRISL e suas filiais, serão muito afetados e serão intensificados os controles nos portos europeus.

A UE também tem a intenção de restringir as possibilidades de intercâmbios comerciais com o Irã, limitando os créditos à exportação, de ampliar a proibição da atividade dos bancos iranianos e de acrescentar quarenta nomes à lista de pessoas às quais não serão outorgados vistos europeus. Seu principal alvo é a Guarda Revolucionária do Irã, força de elite do regime.

REAÇÃO DO IRÃ

Ainda no domingo o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad disse que Teerã reagirá "com firmeza" a qualquer ato hostil.

"Os europeus querem impor novas sanções além das adotadas pelas Nações Unidas [no dia 9 de junho]. Queria dizer que não recebemos favoravelmente uma tensão ou nova resolução, queremos relações lógicas e amistosas", declarou Ahmadinejad, de acordo com a televisão iraniana em inglês Press-TV.

"Devo dizer que qualquer um que adotar medidas contra a nação iraniana, como a inspeção de navios iranianos [em alto-mar] tem que saber que o Irã reagirá com firmeza a tais atos", acrescentou.

"Todo aquele que participar do roteiro dos Estados Unidos (contra o Irã) será considerado um país hostil (...). O Irã dará uma resposta firme a qualquer ameaça", insistiu.

CARTA

Ainda nesta segunda-feira o governo do Irã deve entregar à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) a sua resposta às questões relacionadas a sua proposta de solução para a crise nuclear iraniana, declarou no domingo o chefe da diplomacia turca Ahmet Davutoglu.

O anúncio foi feito durante um encontro entre os ministros das Relações Exteriores iraniano, Manuchehr Mottaki, brasileiro, Celso Amorim, e turco em Istambul.

"Mottaki nos disse que enviará uma carta na segunda-feira de manhã [a Yukiya Amano, diretor geral da AIEA]", declarou Davutoglu durante uma entrevista coletiva à imprensa após o encontro tripartite.

A carta deve conter respostas às questões do Grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia, França) em relação a uma proposta feita pelo Irã no dia 17 de maio às grandes potências, como parte de um acordo com Brasil e Turquia de trocar em território turco 1.200 kg de seu urânio levemente enriquecido (3,5%) por 120 kg de combustível enriquecido a 20%

COMUNIDADE INTERNACIONAL

Estados Unidos e Austrália já tomaram medidas de magnitude similar e o Canadá seguirá seu exemplo. Até mesmo a Rússia, que durante muito tempo esteve mais perto do Irã que dos países ocidentais, acaba de manifestar sua preocupação com o fato de que o Irã esteja agora "perto de ter potencial para equipar-se com a arma nuclear".

Desta forma, a Europa e os países ocidentais esperam convencer o Irã a voltar com eles à mesa de negociações para que aceite delimitar seu programa nuclear.

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