O oposicionista pró-russo Viktor Yanukovich proclamou vitória na noite deste domingo (7) no segundo turno da eleição presidencial ucraniana, e anunciou a abertura de um "novo capítulo" na história do país.
Sua adversária, a primeira-ministra Yulia Timoshenko, se recusou a admitir a derrota, afirmando que "não se pode falar em qualquer resultado até que o último voto seja contabilizado".
Mais cedo, o braço direito de Yulia, Olexander Turtshinov, declarou que "ainda é cedo para designar o vencedor", e alertou para "graves fraudes" no processo eleitoral.
- Não pudemos evitar a ocorrência de graves fraudes. Foi uma das eleições mais sujas da história da Ucrânia.
Yanukovich venceu a presidencial deste domingo com uma vantagem de 3% a 5% sobre Yulia, segundo três pesquisas de boca-de-urna. Ela lembrou de casos antigos de fraude:
- O país lembra de exemplos em que o presidente foi proclamado, parabenizado, mas seu destino acabou sendo outro.
Em 2004, Yanukovich foi declarado o vencedor da eleição presidencial e parabenizado pelo então presidente da Rússia, Vladimir Putin. No entanto, poucas semanas depois, a vitória foi anulada por fraude, após um levante popular conhecido como Revolução Laranja.
Yanukovich é um "puro produto" do Leste industrial, coletivista e pró-russo. O homem de 54 anos é um gigante de quase dois metros, gestos rígidos e linguagem pouco elaborada.
Ele fala pausadamente, com frases curtas, e comete gafes que fazem a alegria de seus adversários, como durante a campanha, quando chamou o dramaturgo russo Anton Tchekov de poeta ucraniano.
"Ele não gosta de falar, não fala muito bem, mas o país não precisa disso", minimizou uma de suas partidárias, a deputada e ex-jornalista Ganna German.
Nascido em 1950 em uma família operária de Donbass (leste) e órfão de mãe aos dois anos, Yanukovich teve uma infância difícil e uma juventude agitada. Também confessou que sonhava em sair da pobreza.
Ele foi condenado em 1968 e 1970 por roubo e agressões. Segundo sua biografia oficial, foram penas "infundadas", anuladas pela justiça soviética.
Depois de começar como um simples operário, subiu na profissão até chegar a diretor-geral de uma empresa de transporte.
Nomeado governador de Donetsk, uma rica região do país, em 1997, Yanukovich assumiu o governo ucraniano pela primeira vez em novembro de 2002, por indicação do então presidente, Leonid Kuchma.
Paternalista e autoritário, Yanukovich lembra os dirigentes da época soviética, dois dos quais - Nikita Khrushchev e Leonid Brejnev - também nasceram no leste da Ucrânia.
No entanto, com a ajuda de conselheiros americanos, Yanukovich modernizou sua imagem, insistindo nos valores democráticos e aprimorando seu inglês.
Ele reassumiu o cargo de primeiro-ministro em 2006, aproveitando a incapacidade de união de seus inimigos, aliados pró-ocidentais da Revolução Laranja.
Para não repetir o erro de 2004, em que foi considerado o "candidato do Kremlin", ele passou a pregar uma política de equilíbrio entre a Rússia e a União Europeia.
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