Soldados fazem inspeção em frente à rádio HRN, onde uma granada explodiu ferindo duas pessoas; tensão aumenta em Honduras com a demora do Congresso em fazer cumprir o acordo entre Zelaya e os golpistas.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu na noite desta quarta (4) à população que pressione o Congresso a se reunir para definir sua restituição, em meio à incerteza pela interpretação do acordo que pretende acabar com a crise.
Ao mesmo tempo, a Comissão de Verificação, criada para acompanhar o cumprimento do acordo em Honduras, iniciou seus trabalhos na quarta, visando a formação de um governo de unidade e reconciliação, informou um de seus integrantes, o ex-presidente chileno Ricardo Lagos:
''Assinalamos a necessidade de se constituir e instalar um governo de unidade e reconciliação, de acordo com os termos do compromisso firmado em 30 de outubro''.
Acordo
O acordo entrega ao Congresso a decisão sobre a restituição de Zelaya - derrubado por um golpe de Estado no dia 28 de junho - e determina o estabelecimento de um governo de unidade nacional, a partir desta quinta (5).
Segundo membros da Comissão de Verificação, já ''há nomes'' para a formação do governo de unidade nacional. ''São pessoas do nosso país que não participaram de situações políticas recentes, e que têm um um amplo currículo e vontade de contribuir'', disse Arturo Corrales, representante de Micheletti.
A Comissão de Verificação já se reuniu com Zelaya e com Micheletti, com cinco dos seis candidatos à presidência de Honduras, com representantes do Supremo Tribunal Eleitoral e com membros do Congresso hondurenho, destacou Lagos.
Pela rádio, Zelaya demonstrou cada vez mais impaciência a respeito do que considera o não cumprimento do acordo:
''Todos os habitantes, mesmo os da União Cívica Democrática, e outros líderes da resistência que ofereceram seu sangue pela democracia, devem se manifestar amanhã (quinta-feira) para que o Congresso não seja a causa do não cumprimento do acordo''.
Paralelamente, a União Cívica, uma aliança de organizações que dá apoio ao presidente golpista, Roberto Micheletti, pediu a este último que não permita a entrada no país do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, já que o considera ''persona non grata'' por sua política ''intervencionista''.
Protesto
Membros da Frente de Resistência contra o Golpe de Estado, que exigem a restituição de Zelaya na presidência, protestaram na noite de quarta diante do Congresso para presionar os deputados a votar reintegração do presidente deposto.
Zelaya também agradeceu a declaração do Departamento de Estado americano de que Washington é favorável a sua restituição.
''Obrigado à secretária Hillary Clinton e a todo o Departamento de Estado, ao presidente (Barack) Obama, porque a declaração era necessária''.
Zelaya havia solicitado em uma carta a Hillary que os Estados Unidos explicassem sua posição a respeito da situação institucional em Honduras após o acordo assinado pelas partes em disputa na sexta-feira passada.
Violência
Em mais um ato de violência no país, uma granada de uso militar foi lançada na noite de quarta-feira no prédio da emissora de rádio hondurenha HRN e a explosão deixou duas pessoas levemente feridas, além de ter provocado danos pequenos à cabine de transmissão.
A emissora é a mais antiga do país, com 76 anos, e informou não ter recebido ligações com ameaças ou reinvindicações do ataque.
Ações similiares foram registradas em outras instituições de Honduras desde o início da crise política.
Os principais meios de comunicação de Honduras são chamados de golpistas pelos simpatizantes de Zelaya por terem apoiado a destituição e pela identificação com o governo de fato de Roberto Micheletti.
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