Leonardo Gonçalves diz que vale tudo pela perfeição em uma produção

Leonardo Gonçalves: 'Vale tudo' pela perfeição em um CD

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:12

Ele ganhou o respeito não só do público evangélico, mas dos que admiram a boa produção musical

Leonardo Gonçalves foi caracterizado pela revista Veja dessa semana um cantor cult.

O trabalho mais recente é o álbum 'Princípio e Fim' em que aborda a dualidade do Reino de Deus.

Em entrevista ao GUIAME, Leonardo Gonçalves fala da temática do CD e dos sacrifícios válidos para a busca da perfeição em uma produção. Confira.

 

GUIAME: O que te faz gravar um CD ou o que é prioridade para que você o faça?

Leonardo Gonçalves: É muito difícil criar uma regra para isso, mas eu preciso me sentir inspirado. Preciso ter alguma coisa pra dizer, alguma coisa nova pra compartilhar. Realmente preciso sentir um propósito artístico, religioso, teológico e musical.
 
GUIAME: Como sentiu a necessidade de falar do Reino de Deus em ‘Princípio e Fim’?

Acho que é um tema abordado de maneira unilateral. A experiência com o CD em hebraico me fez mergulhar na cultura judaica e me ajudou a entender que alguns conceitos que no mundo ocidental são dificilmente conciliados, do ponto de vista bíblico são totalmente conciliáveis.

Eu poderia ter abordado essa questão da dualidade em outro assunto, mas de fato abordei no Reino de Deus por achar que é um assunto importante.

Não digo que não é abordado, mas com certeza não é abordado de maneira holística, pelo menos nunca vi em um CD. Foi um desafio colocar tanto conteúdo teológico de uma discussão milenar equilibradamente dentro de um CD de forma artística, bonita e atraente.

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GUIAME: Como você trabalha a temática de um CD?

Nesse disco eu tinha um assunto e então trabalhei as composições. Inclusive rejeitei músicas maravilhosas porque não estavam dentro do assunto. Já no outro CD em português, ‘Viver e Cantar’, as coisas foram meio que acontecendo e na medida em que foram acontecendo eu fui dividindo por blocos. Mas esse (Princípio e Fim) eu já comecei de maneira temática.
 
GUIAME: Que sacrifícios são válidos para buscar a perfeição em um trabalho como ‘Princípio e Fim’?

Na prática, todos. Atrasei seis meses a entrega do disco em uma gravadora nova, multinacional. Não quis fazer isso, mas jamais poderia entregá-lo sem estar na forma que eu acreditava que devia ser a forma final, sem estar à altura do que poderia render. O repertório é o mais importante e o repertório estava muito bom, então eu não podia produzir esse disco levianamente. Eu poderia ter feito mais rápido, talvez, mas valeu isso.

Valeu eu dobrar o orçamento que me deram, tirar dinheiro do bolso e estar até hoje endividado pagando pelos ‘excessos’. Vale tudo.
Meu tio um dia me falou uma coisa: ‘preste bem atenção quando for fazer um disco porque você vai ter que conviver com ele pelo menos uns 40 anos’.

Faço todo disco como se fosse a última coisa que vou fazer na vida e como se minha vida dependesse daquilo. Termino cada CD com a sensação de dever cumprido a tal ponto de que posso morrer porque o que eu podia fazer eu fiz. E tudo isso não por insanidade ou traço de personalidade, mas porque realmente acredito que a gente precisa fazer o melhor para Deus e o melhor não é só dentro da situação que a gente tem, mas criar a melhor situação pra você poder render e fazer de fato o melhor.

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Barreiras da música gospel
Os orçamentos de música secular tem 400 mil reais para fazer o mesmo disco que eu tenho que fazer com 50 mil e eu não posso admitir que meu resultado seja proporcionalmente inferior senão como eu vou falar para as pessoas? Se não eu estou fazendo um disco apenas para evangélicos que estão acostumados com esse tipo de orçamento e sonoridade, mas me sinto na obrigação de produzir um disco que seja relevante também para quem não conhece a Deus, que seja possível pelo menos quebrar e transpor essa barreira de linguagem que existe.

Às vezes a barreira não é de conteúdo, mas de linguagem. Através de uma boa produção, boa sonoridade, boa finalização, você quebra pelo menos a barreira da linguagem. Aí pessoa rejeita o conteúdo, mas em 90% dos casos, as pessoas que não são cristãs e não professam nenhuma fé rejeitam a música evangélica só pela linguagem, pelo pacote. O conteúdo nem chega a ser analisado. Isso é triste.

É claro que a galera que curte heavy metal não vai ouvir meu CD, mas, se um dia tiver esse contato, ela não vai rejeitar pela produção, pode rejeitar por outro lugar, mas eu fiz o máximo pra que ela pudesse pelo menos escutar e considerar.

 

por Juliana Simioni
 

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